Antigamente, o segmento de atacarejo era mais comumente direcionado para o abastecimento de estabelecimentos comerciais. Uma vez que tinha por característica a venda de pacotes grandes, com diversas unidades de um produto e preços mais em conta para quem tinha uma PME. Entretanto, é cada vez mais frequente a presença de consumidores finais frequentarem esses tipos de mercados. O principal motivo é a atual crise financeira, que obrigou as pessoas a procurarem por métodos alternativos para fazerem suas compras. Como comenta Tiago Oliveira, gerente de shopper solutions da Kantar Worldpanel, o atacarejo se tornou uma alternativa, pois o “ponto central é o melhor custo/benefício dos produtos básicos entre todos os canais. Portanto, tem menor preço final ao consumidor, maior porcentagem de promoção entre itens relevantes e, atualmente, já conta com as principais marcas nacionais”.
Sem contar que, com essa nova maneira de realizar as compras no supermercado, o público ainda pôde voltar a um antigo hábito que tinha: o de estocar alimentos e fazer compras mensais. Como há a possibilidade de comprar pacotes maiores de um produto, ele passa a economizar ainda pela diminuição de visitas ao ponto de venda. Outra vantagem apontada por Oliveira é a acessibilidade, ou seja, é um segmento que atende a todas as classes sociais, tanto nas compras individuais quanto nas realizadas por grupos de pessoas.
Consequentemente, os negócios que fazem parte desse canal passaram a modificar sua estrutura, como uma maneira de adaptação a esse novo cliente que passou a frequentar seus pontos de venda. Assim, uma das mudanças foi aumentar o sortimento de produtos oferecidos, bem como de categorias existentes. “Um dos setores de maior impacto é a área de perecíveis, como frutas, verduras e carnes. O canal teve que se desenvolver tal como os hipermercados e supermercados já oferecem em frescor, variedade e exposição”, comenta o executivo.
Já para aqueles que desejam manter esses clientes quando a situação financeira melhorar, ele ressalta que é importante procurar seguir a imagem de ser um comércio referência no menor preço e maior desconto. Um local onde “seus visitantes possam economizar 15% ou mais na compra total do que indo a outros canais”, diz. Oliveira ainda aconselha que seria ideal se esse canal também passasse a oferecer outras formas de pagamento – que hoje é restrito ao dinheiro e débito, não cobrar taxas de compra, criar um cartão fidelidade, ter entregas à domicílio e oferecer produtos online. Fatores que aumentarão o poder de fidelização e conquista dessas empresas com os clientes. “Essa pode se tornar o principal canal de compra no país, pois está sendo cada vez mais dominante na missão de compra de abastecimento”, pontua.