Há seis anos, acontecia no Brasil a primeira edição da Black Friday, evento criado nos Estados Unidos e que ganhou o mundo por promover grandes ações de vendas, promoções e descontos. Em terras brasileiras, a ideia que começou com apenas lojas virtuais, hoje já permeia as lojas físicas também. E, não por menos, já é considerada uma das datas mais importantes para o varejo no segundo semestre, ficando atrás apenas do Natal. “O que a gente vê hoje é um amadurecimento muito grande, tanto por parte dos lojistas, quanto por parte dos consumidores”, comenta Ricardo Bove, diretor do BlackFriday.com.br, site criado pelo Busca Descontos para a realização da ação.
De fato, de 2010 para cá, muita coisa mudou. Cada vez mais os consumidores estão se sentindo seguros ao comprar pela Internet, como também os e-commerces vêm se tornando lojas mais confiáveis. O que reflete no evento, já que une a grande expectativa do público para as promoções, com a maior certeza de que é possível comprar sem grandes problemas. “Os consumidores já conseguem ter um preparo melhor sobre o tipo de oferta que procuram, pesquisando com mais antecedência. E os próprios lojistas também estão organizando com mais antecedência, com sites responsivos e muito mais ofertas para o público”, explica o executivo.
Isso não quer dizer que a Black Friday não tenha desafios ainda no País. Justamente, por conta da pouca experiência que muitos empreendedores tinham no início – sites que não suportam grande quantidade de acesso, fraudes em promoções e fim do estoque, sem atender demanda -, a data ainda possui um estigma grande entre as pessoas, que desconfiam. Sem contar que a própria condição financeira do brasileiro é um entrave. Há dois anos o País enfrenta uma crise, com clientes pessimistas e temerosos em gastar e um varejo obtendo resultados negativos ou com pequenos avanços.
Ainda assim, Bove acredita que esses dois fatores – problemas passados do evento e crise – não devem ser vistos como empecilhos. Ele lembra que, no ano passado, quando a condição do País era considerada pior, a Black Friday teve aumento de 82% no faturamento, ante o resultado de 2014. E a expectativa desse ano é que cresça mais 34%. “O comércio eletrônico é um segmento que ainda apresenta crescimento acima da média do mercado, porque ele é bastante represado”, diz. “Somente metade das pessoas que têm acesso à Internet no Brasil são e-consumidores, com isso a margem de volume de compra tende a crescer bastante ainda.” Lembrando que todo ano, esse setor tem de 4 a 6 milhões de novos consumidores no País.
Tanto que o diretor acrescenta, como grande novidade dessa edição, o amadurecimento por parte de todos. Os lojistas já têm se preparado com seis, oito meses antes e os clientes já deixam reservado o evento para adquirirem aqueles produtos de desejos e que sabem que terão uma boa oferta, como smartphones, TVs, geladeiras e afins. “Acho que a grande novidade, por parte dos lojistas é encarar o Black Friday não só como uma ação de vendas, mas como uma ação de aquisição e retenção de clientes”, diz. “A data é uma porta de entrada muito grande.”
Já se tem a ciência hoje que oferecer uma boa experiência durante a data, há uma grande chance de conseguir fazer com que o consumidor volte a comprar na loja em outras oportunidades. “Para se ter uma ideia, no Brasil, a média de recompra é de duas vezes por ano. Já nos Estados Unidos e na Inglaterra, que são mercados mais maduros, vai para quatro a seis compras. Então, é conseguir fazer a aquisição desse consumidor e, com o tempo, trabalhar para que ele continue acessando o site e volte”, comenta Bove.