As startups chegaram com tudo nos últimos anos, provocando muitas transformações no mercado. Isso tudo por conta de suas características , como agilidade, foco em inovação e a falta de medo de arriscar. Mais do que desbancar algumas empresas mais tradicionais, elas serviram para tirar certo marasmo do mercado. Tanto que muitas empresas já estão se movimentando para atender as novas demandas, seja revendo estratégias, consolidando parcerias com startups ou mesmo adquirindo essas. A Faber-Castell também se mexeu, mas de um modo um pouco diferente. Com foco na mudança cultural, ela tem contratado ex-donos de startups. “Trouxemos esses profissionais para dentro da empresa para incubarem projetos, o que vem funcionando muito bem”, comemora Eduardo Ruschel, diretor de marketing e inovação da Faber-Castell, que também é ex-fundador de uma startup.
Ele explica que esse movimenta da empresa ajuda a preservar uma cultura de startup, mesmo com os profissionais estando dentro da companhia. “Entender a forma de pensar e executar de startups é muito interessante.” Sobre isso, o executivo destaca o fato de que, quando uma empresa entende que não é baseada em produtos, mas sim em propósito, se abre um mundo de possibilidades que antes não eram óbvias, já que a empresa enxergava consumidores e não pessoas. “Quando você enxerga uma pessoa como consumidor, muito provavelmente seu olhar já está enviesado e viciado, diminuindo a possibilidade de encontrar outras soluções que são pertinentes ao seu propósito e relevante às pessoas”, explica. No caso das startups, Ruschel aponta ainda que grande parte delas tem como modelo de descoberta, de oportunidades, o uso da metodologia customer development, “que em última instância significa: como posso resolver as ‘dores’ dos usuários? Ou seja, como deixar a vida das pessoas mais fácil.”
Além do processo interno de transformação cultural, a Faber-Castell também participa de grupos de startups para não perder os movimentos de mercado, e se reúne frequentemente com novas startups. “Possivelmente, haverá um momento que poderemos ter parcerias mais sólidas. Mas este é o momento atual, e tudo pode mudar. É quase que um órgão vivo, já que a cada dia aprendemos o que funciona e o que não funciona. Como no mundo das startups, tudo pode ser pivotado a qualquer momento”, explica.
Não à toa, Ruschel vê como grandes diferenciais das startups a disposição para aprender do zero, a agilidade para executar, o apetite por desafiar o status quo “e uma megalomania que, em um nível adequado, é saudável”. Foi com esse posicionamento que elas trouxeram uma oxigenação ao mercado, fazendo com que grandes empresas questionem práticas atuais e repensem modelos de inovação, processos, propósito de atuação e modelos de negócio. “Na verdade, estão dando uma aula a muitas empresas e cabe a nós aprender rapidamente. Porque tudo pode ser incorporado em grandes organizações, se for bem executado e tiver apoio da liderança”, alerta.