Sem data comercial para impulsionar o consumo, o movimento do comércio da capital paulista caiu em média 0,9% em setembro, frente ao mesmo período de 2017, de acordo com o Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Tradicionalmente setembro é um mês fraco para o varejo, pois não conta com data comemorativa. Além disso, neste ano o mês teve um dia útil a menos em relação ao ano passado, o que também prejudica o desempenho das lojas”, comenta Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
O sistema à vista ― que abrange roupas, calçados, acessórios ― recuou 3% em setembro na comparação anual, em função da temperatura irregular na cidade. “Além disso, o consumidor não está propenso a renovar o guarda-roupa porque seu orçamento está sendo comprimido pela alta dos preços de tarifas”, avalia Burti. Já o sistema a prazo cresceu 1,3%, “ainda beneficiado pela redução dos juros, uma vez que em setembro de 2017 a Selic estava praticamente três pontos acima do que está agora”, diz ele. O sistema a crédito inclui móveis, eletroeletrônicos e eletrodomésticos.
Na comparação com agosto, o efeito-calendário foi aspecto preponderante para as diminuições de 16,7% e de 1,6% nas vendas à vista e a prazo, respectivamente, resultando em queda média de 9,8%. Em setembro houve 24 dias úteis para as lojas paulistanas operarem e em agosto foram 27. “Essa diferença de três dias foi um fator negativo a mais, visto que o recuo já era esperado, pois em agosto o comércio contou com o Dia dos Pais, fortemente apoiado nos presentes pessoais. Contudo, a queda no sistema a prazo surpreendeu e pode ter refletido o baixo patamar da confiança do consumidor, que, inseguro diante de um cenário de incertezas na economia e na política, posterga compras de maior valor”, diz o presidente da ACSP.
No período acumulado (janeiro-setembro/2018), as vendas à vista caíram 1,8% no contraste anual, possivelmente impactadas pelo orçamento mais apertado das famílias diante da inflação de serviços públicos; assim, não sobram recursos para aquisição de roupas e calçados. O sistema a prazo subiu 6,5%, beneficiado pela base fraca e pelo impulso dado pelas reduções dos juros e pelo alongamento dos prazos. A média dos dois sistemas foi de alta de 2,4%.