O pacote de estímulos às indústrias, a desoneração da folha de pagamento para 15 setores, a prorrogação da redução do IPI para alguns produtos e a queda dos juros praticados pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal tanto para os consumidores quanto para as micro e pequenas empresas levaram moderado otimismo ao comércio varejista. Segundo os dados do IAV-IDV, Índice Antecedente de Vendas, estudo realizado mensalmente com os associados do IDV, Instituto para Desenvolvimento do Varejo, as vendas devem ter uma alta de 6% em abril, em comparação com o mesmo período do ano passado. Porém, este crescimento será inferior aos três primeiros meses de 2012.
De acordo com as redes varejistas, a expectativa é de que o volume de vendas tenha alta de 5,9% em maio e 5,5% em junho, em comparação aos mesmos meses de 2011. “É importante mencionar que estas estimativas já são posteriores ao anúncio da desoneração do IPI para os produtos de linha branca e móveis. Todas estas decisões foram uma resposta das instituições públicas ao baixo crescimento do Produto Interno Bruto no ano passado. Além delas, outras medidas para apoiar o financiamento do comércio exterior também estão previstas. Assim, estima-se que o novo pacote deve somar cerca de R$ 60 bilhões em desonerações e financiamento do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social”, diz o economista do IDV, Rodolfo Manfredini.
O setor varejista segue apostando em taxas de crescimentos mais tímidas do que o ano passado, principalmente no que se refere aos bens não-duráveis, como supermercados, hipermercados, farmácias, drogarias, perfumarias e alimentação fora do lar, que devem apresentar forte desaceleração. O IAV-IDV aponta um crescimento tímido de 1% em abril, 1,2% e maio e 0,9% em junho.
Em contraste a este cenário, o setor de bens semiduráveis, como vestuário, calçados, livrarias e artigos esportivos, prevê uma perspectiva mais otimista para os próximos meses, principalmente pela chegada do outono/inverno e do dia das mães. As vendas devem ter expansão entre 8,3% e 11%, de abril a junho. Na esteira da forte expansão do crédito, o varejo de bens duráveis, como móveis, eletrodomésticos e material de construção, também apresenta elevadas taxas de crescimento, entre 11,2% e 12,1%, de abril a junho.
“Todavia, os resultados preliminares da economia brasileira indicam que serão mais favoráveis em 2012 do que em 2011, principalmente com a manutenção das baixas taxas de desemprego e o aumento da renda e do consumo das famílias”, analisa o presidente do IDV, Fernando de Castro. “As projeções de analistas do mercado indicam que a economia brasileira deverá apresentar uma expansão de 3,2% em 2012. Além disso, outro dado encorajador é a previsão do IPCA, Índice de Preços ao Consumidor Amplo, de atingir 5,06% neste ano, apontando uma convergência da inflação mais próxima à meta de 4,5%. Desta forma, haverá mais espaço para o governo federal apostar no afrouxamento da política monetária e implantar mais medidas de aquecimento da atividade econômica, por meio do consumo”, conclui Castro.