Vida longa e próspera?

Autor: Orlando Oda
Se habilidade técnica, comercial e força de vontade fossem os fatores determinantes para criar uma empresa com vida longa e próspera, a taxa de mortalidade empresarial deveria ser bem menor. Qual é a raiz que sustenta a vida longa? Será que não estão plantando uma empresa sem a raiz?
Esta abordagem não é para tratar da longevidade empresarial, como no livro “Feitas para Durar”, de Jim Collins. Também não estamos falando apenas de durar enquanto o fundador for vivo. A longevidade empresarial é outra questão: depende da sucessão empresarial, mercado que atua, evolução tecnológica, e muitos outros fatores.
Perguntar quanto tempo uma empresa vai durar é como perguntar quantos anos alguém vai viver. O objetivo deste artigo também não é tratar disso. Somente uma coisa é certa: não vai durar para sempre. É como a nossa vida.
Uma empresa, para ter uma vida longa e próspera, precisa de autorização. Ela se credencia à medida que se torna necessária, útil à sociedade, ou seja, quando os clientes reconhecem a sua utilidade. Milhares de empresas nascem e morrem porque não se credenciam, baseiam-se unicamente em obter resultados financeiros. 
Não é que o lucro não seja importante. O objetivo do palestrante não é receber aplausos. Se os aplausos forem poucos, significa que não está agradando ao público. Se o lucro da empresa for pouco, significa que o cliente não está aprovando a empresa. A empresa não está sendo administrada direito.
O lucro não deve ser o objetivo principal da empresa. Lucro é o principal parâmetro de análise. A lei da causalidade diz que para receber algo é preciso dar alguma coisa. O resultado depende da causa. A causa para lucrar é ser útil a um grande número de pessoas, isto é, produzir bens e serviços úteis às pessoas.
Para produzir bens e serviços úteis a preços que sejam acessíveis e competitivos é preciso desenvolver várias habilidades: técnicas, humanas, inovação, percepção e diagnóstico para ver e solucionar problemas complexos. Todas são importantes para o sucesso, porém, não são as verdadeiras causas da mortalidade precoce.
Um engenheiro civil estuda cinco anos na faculdade de engenharia para que? Para construir a sua casa? Não! Seu trabalho é construir a casa para outras pessoas. O fundamento do trabalho é sempre trabalhar para os outros. O fundamento da empresa e do seu fundador é trabalhar para outras pessoas e nunca para si. 
A raiz que alimenta e sustenta a edificação empresarial é igual a raiz da árvore. A raiz é invisível, fixa e sustenta o tronco, galhos e folhas. O que mantém a planta em pé na tempestade não é a estrutura física do tronco. Da mesma forma, não é a estrutura física da empresa, como prédios e máquinas, que mantém a empresa viva no dia do vendaval.
O que sustenta a existência de qualquer coisa neste mundo é a ideia que é a causa. Existe enquanto a ideia que sustenta existir. Um edifício que fica abandonado sem serventia se desmorona. Toda empresa surge da ideia do fundador de suprir uma demanda, uma necessidade real ou potencial de clientes. 
O que faz a empresa ter vida longa e próspera é manter viva a ideia de origem da criação por meio de inovação. Não é o produto, o serviço ou a qualidade. Estes são apenas resultados da ideia inicial. O segredo está na ideia de origem, a raiz da essência do negócio, do início da empresa. 
Orlando Oda é presidente do Grupo AfixCode.

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