Voos prolongados

Estudos da WHICH, organização britânica de vigilância do consumidor, e estatísticas de especialistas em dados de viagens aéreas, revelaram que muitas companhias aéreas têm estendido o tempo de voo para muitas rotas. De acordo com a pesquisa realizada pela WHICH, alguns voos são agora até 35 minutos mais lentos do que anteriormente em companhias aéreas como British Airways, EasyJet, Ryanair e muitas outras. Mesmo uma rota curta como Londres – Berlim, com a Ryanair, viu um aumento do tempo de voo de dez minutos. Essa tática permite que as empresas reivindiquem classificações de desempenho aprimoradas no prazo. Outro resultado dessa estratégia é que é mais fácil evitar o limite de três horas para atrasos, o que permitiria aos passageiros apresentar pedidos de compensação financeira ao abrigo da legislação da UE em matéria de direitos dos passageiros.
De olho nisso, a AirHelp estudou todas as rotas em que as companhias aéreas vêm expandindo o tempo de voo. Os resultados mostram que as empresas transportadoras estão evitando milhões de euros em responsabilidade, prolongando os tempos de voo. Até agora só em 2018, as companhias aéreas foram liberadas globalmente de reivindicações adicionais no valor de mais de 4 milhões de euros (aproximadamente R$ 18 milhões).
A tática do stalling é uma prática comum para muitas companhias aéreas. Denis da Silva, analista de marketing da AirHelp, explica por que algumas companhias não têm medo de interromper todas as paradas para impedir que os clientes recebam o que lhes é de direito: “Muitas aéreas tentarão enganar os passageiros para obter uma reivindicação qualificada, e a tática de estender os horários de voos é outra maneira de diminuir as chances de registrar uma reivindicação e ser compensado financeiramente pelo incômodo pelo qual passaram”, afirma da Silva. 
Há uma clara tendência em relação a quanto dinheiro as empresas economizam com essa prática, que aumenta a cada ano. Em 2015 era “apenas” 1,5 milhão de euros, já em 2016 foi de 2 milhões, no ano passado foi de quase 4 milhões de euros, e, em 2018 o montante já ultrapassou 4 milhões antes do ano acabar, totalizando mais de 11 milhões de euros evitados para compensação de voo. Se as companhias aéreas forem responsáveis por atrasos de voo de mais de três horas, cancelamentos ou recusarem o embarque a um passageiro terão que pagar uma indenização de até 600 euros por pessoa, de acordo com a legislação da UE, por isso há muita incitação para qualquer empresa que está tentando maximizar seus lucros para encontrar formas de evitar pagamentos para solicitações de interrupção de voo elegíveis.

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