Apesar da grande evolução ocorrida nos sistemas de business-to-business, o fator “integração”, que na realidade é o que dá sentido a tudo isso, ainda se mantém como um dos maiores obstáculos a serem vencidos. Parte considerável do problema acontece por uma razão simples: o trabalho de integrar aplicações é feito ao contrário. Primeiro, se desenvolvem sistemas a fim de atender necessidades imediatas do negócio e só em seguida, detecta-se que a empresa não é uma célula isolada e que precisa se comunicar com outras, ou até mesmo entre seus departamentos. Resultado: hoje 70% de todas as aplicações de missão crítica são integráveis com … nada!
Porém, com o surgimento dos “Web Services”, pela primeira vez isto é possível. Eles permitem integrar aplicações, mudar a interface com o usuário e evolui-las sem reescrever uma única linha de código.
E, ao contrário do que possa parecer, não se trata de nenhuma novidade. Os Web Services são apenas um “novo sabor” de software. Só que totalmente baseados em padrões. Assim, permitem ao programador combinar sistemas existentes de novas maneiras e recombiná-los de formas diferentes para compatibilizá-los com as necessidades dos negócios e ainda mantê-los facilmente. Eles fazem nada mais, nada menos, do que o que poderia ter sido feito antes, mas agora de uma maneira padrão, segura, fácil de entender e reutilizável.
Pode-se comparar os Web Services com o aparelho de som. Os primeiros eram verdadeiros móveis que nós tínhamos na sala. Tudo era integrado, a vitrola, o tape deck e o rádio, sendo quase impossível acrescentar algo. Hoje, o mesmo equipamento se compõe de módulos, normalmente até de fabricantes diferentes, cada um com uma tarefa e todos interligáveis. Esta é exatamente a proposta dos Web Services.
Talvez por parte de muitos ainda exista resistência na adoção desta tecnologia, porque ela é simples. Entretanto, funciona. E, desta vez, os grandes fornecedores (IBM, Sun, Microsoft, HP, BEA, Oracle, Attachmate e outros) concordaram em trabalhar sob padrões. Uma cooperação sem precedentes na indústria de TI!
O resultado é a possibilidade de desenvolver soluções independentes de plataforma, linguagem, baseadas em padrões independentes do sistema operacional, modulares e facilmente expansíveis. Numa aplicação, cada módulo pode ser de um fornecedor diferente e o usuário monta sua própria solução customizada. E se houver problema em algum módulo, ele não afeta o resto do sistema.
Assim, com este conjunto de recursos, os Web Services impulsionam sistemas legados, estabelecem a comunicação entre aplicações escritas em várias linguagens, principalmente aqueles desenvolvidos e executados em diferentes ambientes ou plataformas. Ou seja, os Web Services podem ser considerados a tecnologia do futuro. Pois “corrigem” o maior de todos os problemas atuais: a integração. Além disso, fazem esta rotina acontecer de uma maneira compreensível, reutilizável e padronizada. Trata-se de uma mudança fundamental num cenário marcado por ilhas de aplicativos, fornecedores, plataformas…
A grande discussão que fica sobre os Web Services envolve os usos futuros. As empresas irão listar seus Web Services em diretórios públicos. Outros poderão “alugar” serviços prontos das empresas publicadas e os usuários poderão subscrever os serviço que desejam. Sonhos? Talvez. Mas é possível. Quem sonharia com a internet anos atrás?
Roberto Rebouças é diretor técnico da Attachmate Brasil