Luciana Medeiros, sócia e líder de varejo e consumo da PwC Brasil

Com alta do custo de vida, preço é a prioridade do consumidor

Segundo estudo da PwC, saúde, praticidade, sustentabilidade e utilização de tecnologia também geram impacto na decisão de compra

O futuro do consumo de alimentos será definido por consumidores mais conscientes, focados em saúde e abertos à tecnologia, mas o custo de vida ainda é fator determinante na hora da decisão de compra. A conclusão está na pesquisa global “Voz do Consumidor 2025”, da PwC, que ouviu mais de 20 mil consumidores em quase 30 países, incluindo o Brasil. Os dados mostram o impacto crescente da tecnologia nos hábitos de consumo, com cerca de 70% dos consumidores no Brasil e no mundo utilizando aplicativos de saúde ou tecnologias vestíveis (wearables). E, com a inteligência artificial generativa ganhando espaço, com mais da metade dos brasileiros e quase metade dos consumidores globalmente confortáveis em usá-la para planejar compras e refeições.

“O nosso estudo demonstra uma abertura dos consumidores à inovação e aos canais de compra não tradicionais. Observamos, também, que as pessoas estão mais receptivas à tecnologia, especialmente no Brasil. Isto representa uma oportunidade estratégica para as empresas que souberem integrar alimentação, saúde e tecnologia em um ecossistema coeso, oferecendo soluções personalizadas e inovadoras que atendam às novas demandas do consumidor”, destacou Luciana Medeiros, sócia e líder de varejo e consumo da PwC Brasil.

De acordo com a PwC, os consumidores também impulsionam mudanças a partir dos novos comportamentos de compra e preferências. São ações que determinarão a geração de valor de produtos e serviços em varejo na próxima década. Neste contexto, alimentos que atendam às necessidades e preferências de saúde, praticidade e sustentabilidade ganham maior relevância neste novo mercado consumidor.

Quando trata da questão da saúde, estudo revela que 79% dos brasileiros se preocupam com o consumo de alimentos ultraprocessados e 72%, com o uso de pesticidas na alimentação. Os percentuais são significativamente mais altos que a média global. Além disso, a maioria dos entrevistados planeja aumentar a ingestão de produtos frescos nos próximos meses – mais de 70% entre os brasileiros e 56% na média global. Já aqueles que avaliam sua saúde como “excelente” estão também mais inclinados a aumentar o consumo de vitaminas, laticínios e snacks, incluindo castanhas e barras de cereais.

Custo de vida

Se o consumidor está disposto a pagar mais por produtos mais saudáveis, o contraponto está no impacto desta alimentação no custo de vida em todos os países pesquisados. A alta nos preços dos alimentos, muitas vezes, compromete a capacidade de seguir com preferências mais saudáveis. Mais da metade dos consumidores no Brasil e no mundo afirma que está “administrando suas contas” ou se encontra em uma situação financeira desafiadora. Especificamente no Brasil, 63% dos consumidores apontam o preço como uma das prioridades nos fatores de decisão de compra. No país, 61% estão trocando marcas habituais por produtos de marca própria nos supermercados e 52% dos brasileiros optam pela “alternativa mais barata”.

Compreendendo o cenário desafiador do custo de vida, Medeiros indica que, embora a busca por saúde e sustentabilidade seja crescente, a alta dos preços é um fator primordial nas decisões de compra dos consumidores. “As empresas buscam operar de forma mais eficiente para equilibrar o alto impacto dos preços no orçamento do consumidor. Além disso, a diversificação de produtos e serviços pode entregar maior valor agregado na operação”.

Caminho de reinvenção

Para se manterem competitivas, as organizações precisam desenvolver modelos de negócios inovadores, que permitam oferecer produtos acessíveis, praticidade e benefícios à saúde dos consumidores. Entre os caminhos apontados na pesquisa da PwC Brasil, estão a conquista de mercados com ofertas orientadas por valor, oferta de produtos com melhor conteúdo nutricional e/ou benefícios funcionais, oferta de opções premium a nichos específicos e expansão dos domínios de atuação do negócio.

Para Luciana, a importância de uma abordagem integrada é essencial nesta reinvenção dos modelos de negócios: “Em um mercado orientado por valores, consumidores impõem suas preferências e necessidades. O futuro da alimentação está na integração entre inovação nutricional, responsabilidade socioambiental e comunicação cada vez mais transparente. Estes são fatores que fortalecem a relação com o consumidor. Ao entender os processos por trás dos produtos, estas pessoas podem fazer escolhas mais alinhadas às suas necessidades específicas. Por isso, é importante que o varejo alimentar e o setor de bens de consumo tomem decisões considerando a saúde e bem-estar de seus clientes, o impacto positivo e a geração de valor em meio à reinvenção dos negócios”.

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