A influência das taxas de juros no crédito

A diminuição das taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras é algo significativo e de grande relevância para o crescimento econômico do Brasil. Com a redução das taxas, existe a disponibilidade de novos recursos para consumo perante um público ávido por ofertas de crédito. A explicação para essa realidade pode ser definida através da opinião do professor de Economia da FGV/IBS, Mauro Rochlin. “A taxa de juros define um dado nível de consumo e de investimento. Quanto maior é a taxa de juros, menor tende a ser o consumo e o investimento. Isto porque a venda a crédito fica mais cara diante de uma taxa de juros maior e isso desestimula o consumo. E o consumo é uma variável fundamental na economia em termos de crescimento econômico. Quanto mais a população consome, mais o País cresce”, enfatiza.
O professor reforça o seu comentário, analisando o reflexo da queda dos juros nos índices de investimento das empresas. “Com relação ao investimento se aplica o mesmo raciocínio, se a taxa de juros cai, o índice de investimento produtivo aumenta. Então, as empresas investem mais e aumentam a sua capacidade de produção. A empresa aumenta a capacidade de investimento quando os juros são menores. Porque fica mais barato para a empresa financiar esse aumento de investimento. Em resumo, com taxas de juros menores, se aumenta o consumo, o investimento e, conseqüentemente, o crescimento da economia”, aponta. 
Os motivos que levam a essa baixa nas taxas cobradas pelas instituições financeiras podem ser diversos, mas passam, principalmente, pela mudança recente no panorama econômico brasileiro e por medidas governamentais de estímulo a essa situação, como explica Mauro Rochlin. “Aconteceram algumas coisas que explicam essa queda. Primeiro o fato de termos uma inflação um pouco mais baixa no Brasil recentemente. Apesar dela não ser próxima a zero, ao longo desse ano a inflação vem caindo em relação ao ano passado. Então, isso permitiu ao governo reduzir essa taxa básica de juros, conhecida como SELIC. Em segundo lugar, a perspectiva de crescimento econômico era muito ruim. Ao longo desse ano, a perspectiva se mostrou bastante medíocre. O crescimento esperado para esse ano é de cerca de um e meio por cento. Então, diante de um quadro de baixo crescimento, o governo achou que tinha que diminuir a taxa de juros, exatamente para favorecer o consumo e o investimento. E, assim, favorecer uma retomada do crescimento”, explica.  
No caso específico das empresas de crédito e cobrança, o professor da FGV acredita que as corporações terão que aumentar sua escala de atuação para lucrarem diante de uma tabela de juros mais baixa. “Com taxas de juros menores, as empresas de crédito e cobrança vão ter menor lucro por operação. Elas vão ser obrigadas, para manter seu lucro, a aumentar sua escala de atuação. Terão que emprestar muito mais. Então, as empresas que acharem que não podem se arriscar tanto ou que não têm mercado para ampliar a sua atuação, a sua operação, vão ter, de fato, uma margem de lucro reduzida com taxas de juros menores. Para as empresas de crédito isso é ruim”, conclui.

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