Quando um tomador de crédito não paga o financiamento, teoricamente o banco tem que pegar dos próprios recursos para cobrir. Por isso, é importante que a análise das condições de pagamento do cliente seja feita de forma completa e eficiente. “O setor de análise de crédito do banco é fundamental, porque sem ele, corre-se o risco de ter prejuízo nas operações”, afirma Marcello Gonella, professor de administração da Universidade Anhembi Morumbi.
No entanto, mesmo com toda a importância dessa ação, podem acontecer análises falhas. Para o professor, o erro mais comum acontece quando o analista não verifica a fundo a questão de quem é a pessoa, e se restringe apenas aos números do holerite. “Tem muita gente que acaba tomando crédito em nome de outras pessoas, apresenta previdência falsa, com telefone falso. O erro é você não ir a fundo à vida da pessoa, ficar muito naquela questão de dados que a pessoa trás ou que o próprio banco pede, mas que podem ser manipulados”, afirma. O professor sugere que os analistas busquem informações em outros lugares. “Você tem alguns órgãos como o Serasa, o Sistema de Proteção ao Crédito, que pode ser utilizado para analisar, e ter a informação se a pessoa está inadimplente ou não no mercado”, explica.
Apesar de existirem erros, Gonella considera que, hoje, os analistas estão bem mais atentos, e mesmo com aumentos e quedas na inadimplência, os bancos se mantêm em um bom nível de rentabilidade com relação aos pagamentos de financiamentos. “O Banco Central vem, cada vez mais, fechando portas para qualquer aventureiro, controlando mais os créditos que são dados pelos bancos”, afirma.
ALERTA
Gonella alerta para duas modalidades de crédito que, segundo ele, precisariam de mais cuidado antes da concessão, e que são responsáveis por grande parte da inadimplência dos brasileiros. “O Cheque Especial e os Cartões de Crédito estão sendo dados de uma forma muito fácil. E o povo brasileiro, principalmente a classe D e E, que pulou para a classe C, acabou tomando muito recursos nessas duas modalidades. A concessão desse tipo de crédito deveria ser analisada com mais eficiência. É complicado porque muitas vezes o cliente utiliza aquilo como o segundo salário dele, ou acaba tendo um consumo excessivo, se tornando inadimplente”, conclui.