Briga no financiamento de automóveis



Depois da queda da taxa Selic, o governo federal vem pressionando as instituições bancárias para aumentar o crédito, principalmente no que diz respeito ao financiamento de automóveis, com o intuito de aquecer as vendas para as montadoras. No entanto, os bancos sofrem com a inadimplência dos clientes. “Ninguém gosta mais de ganhar dinheiro do que os bancos e eles já aprenderam, há tempos, que só se ganha dinheiro emprestando. Se eles não estão fazendo isso, é porque estão perdendo com crédito”, explica Fernando Blanco, presidente do IDCC, Instituto para Desenvolvimento da Cultura do Crédito e diretor de crédito da Anefac, Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade.

 

“Financiar automóveis com prazos de cinco, seis anos, para tomadores sem a devida experiência em crédito, foi uma decisão motivada pela crença que o risco era baixo. Agora o mercado está colhendo uma indesejável inadimplência e é natural que coloque o pé no freio”, diz Blanco. No entanto, ele pondera que a atual política dos bancos tem se chocado com os interesses do governo brasileiro, que pretende estimular a economia e conta fortemente com a concessão de crédito para isso.

 

No cenário internacional, as instituições brasileiras são tidas como conservadoras. “É justamente por serem, em geral, conservadores em crédito que o Brasil vem, em boa parte, escapando da última grande crise”, conclui Blanco, prevendo que se o Brasil não crescer de maneira vigorosa, o governo e os acionistas destes bancos podem deparar-se com alta inadimplência em um futuro próximo.

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