O Cadastro Positivo pode ajudar os novos empreendedores brasileiros a começarem a vida financeira com o pé direito, construindo um bom histórico de crédito desde o início. A abertura do cadastro para pessoas jurídicas permite que fornecedores e instituições financeiras tenham acesso aos hábitos de pagamentos da companhia, gerando mais segurança e confiabilidade no mercado. No primeiro semestre deste ano, foram criados 990.964 novos empreendimentos no Brasil, segundo o Indicador Serasa Experian de Nascimento de Empresas. Um aumento de 4,9% em relação ao mesmo período de 2014. Apenas no mês de junho surgiram 168.445 empresas, aumento de 12,8% em relação ao mesmo mês de 2014, quando o número foi de 149.350.
Para os economistas da Serasa Experian, o maior número de novas empresas pode ser creditado ao empreendedorismo por necessidade, em contraposição ao empreendedorismo por oportunidade, como alternativa para o crescimento do nível de desemprego no país. “Ao aderir ao Cadastro Positivo, esses empresários ganham um importante aliado na hora de concretizar negócios e obter crédito”, diz a gerente de Cadastro Positivo da Serasa Experian, Fernanda Monnerat. “É um avalizador que denota a intenção da nova empresa de cumprir suas obrigações financeiras junto aos parceiros comerciais”. Para a gerente, o compartilhamento das informações nesse novo cenário é determinante para um eficiente dimensionamento do risco. “A metodologia anterior, baseada apenas nas informações negativas, é insuficiente, ultrapassada e não está em consonância com a sofisticação financeira do mercado brasileiro.”
Cadastro Positivo
O Cadastro Positivo permite que as concedentes de crédito vejam as contas pagas, o que pesa na decisão de crédito tanto por parte dos bancos como dos fornecedores, ao contrário do sistema anterior, quando apenas os registros negativos eram considerados. É regido pela lei 12.414 e está em vigor desde o início de 2013 no Brasil. Trata-se de um banco de dados com o histórico de crédito de pessoas físicas e jurídicas. As informações possibilitam o aprimoramento das ferramentas utilizadas na concessão e gerenciamento do crédito.
O sistema tradicional de análise de crédito cria uma seleção adversa: empresas com baixa probabilidade de inadimplência não tomam crédito porque não aceitam pagar taxas de juros incompatíveis com o seu risco. Ao mesmo tempo, não há mecanismos para quantificar o nível de comprometimento das companhias com financiamentos em todo o mercado, uma brecha permanente que leva ao superendividamento. Sem lastro para saldar empréstimos concedidos inadvertidamente, muitos micro e pequenos empreendimentos se afundam em dívidas e fecham as portas.
Já as precauções dos credores se justificam porque quanto menos se conhece a reputação de crédito da Micro e Pequena Empresa (MPE), maior o risco e, consequentemente, maior a taxa, calculada sobre a média das perdas. “O Cadastro Positivo contribui para reduzir a assimetria de informações e estimular um sistema de precificação mais justo, em que a taxa de juros leva em conta o perfil de risco de cada tomador”, explica Fernanda.
Menos risco, mais crédito
O risco é um dos principais componentes na precificação dos financiamentos. Por isso, quem oferece menos riscos tendem a ter melhores condições ao realizar negócios: mais crédito e melhores prazos de pagamento e taxas. Isso porque a identificação de compromissos, histórico e hábitos de pagamento com o mercado e bancos aumenta a precisão na avaliação do risco, permitindo que a operação de crédito desejada seja avaliada de forma muito mais assertiva. Em contrapartida, os dados positivos, quando não compartilhados, desqualificam uma boa avaliação e deixam as MPEs sem o aval de sua própria reputação, o que as impede de obter recursos mais baratos. É uma espécie de limitador à sua existência e crescimento.
O Cadastro Positivo permite que o empreendedor, por sua vez, gerencie os efeitos colaterais de seu endividamento trabalhando para não cair nessas armadilhas. A principal vantagem é poder pleitear condições comerciais mais adequadas ao perfil de cada MPE. Dessa forma, os tomadores que oferecem menor risco contarão com taxas de juros mais baixas e os de alto risco estarão ajustados ao sistema, assumindo encargos proporcionais. Assim o volume de empréstimos cresce a um custo médio bem menor. “O Cadastro Positivo promove a expansão do crédito para os consumidores e micro e pequenas empresas de forma sustentável, com significativos ganhos em termos de custos e agilidade, para as concedentes e tomadores de crédito”, diz a gerente.