As consultas para vendas a prazo, que sinalizam o ritmo de atividade no comércio, caíram 0,3% no acumulado dos 12 meses de 2014 frente ao mesmo período de 2013, segundo indicador calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
A queda no volume de vendas deve-se ao momento menos favorável ao consumo das famílias e à piora na conjuntura macroeconômica, o que fez com que bancos e estabelecimentos comerciais atuassem de forma mais seletiva na concessão de crédito para o consumidor.
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a menor expansão da renda real do brasileiro e a baixa geração de novos postos de trabalho impactaram o desempenho do varejo no ano de 2014. “Os consumidores têm se deparado com índices de inflação muito próximos do teto da meta ao longo dos últimos cinco anos, o que gera recorrentes e elevadas perdas para o seu poder de compra. Além disso, com os juros em patamares elevados e com a retomada do seu ciclo de alta em novembro, aumentou o custo do parcelamento para o consumidor”, explica a economista.
A realização da Copa do Mundo no Brasil com decretação de feriados e paralização em dias de jogos também contribuiu para o desaquecimento das vendas. “Parcela considerável de trabalhadores foi dispensada pelas empresas no meio da tarde e algumas partidas foram realizadas no sábado, que é considerado um dos dias que mais movimentam o varejo”, comenta Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil.
O número de consultas ao banco de dados do SPC Brasil para vendas a prazo apresentou uma leve variação positiva de 0,25% em dezembro de 2014 na comparação com o mesmo mês de 2013. A variação ficou abaixo da registrada em igual período de 2013 frente a dezembro de 2012, quando as vendas haviam crescido 2,9%.
Na comparação com novembro de 2014, sem ajuste sazonal, as vendas registraram alta de 24,17%. Em dezembro de 2013, as consultas haviam crescido 28,7% em relação ao mês imediatamente anterior.
Na avaliação dos economistas do SPC Brasil, os ajustes já em curso pela nova equipe econômica do governo federal devem afetar negativamente o crescimento da economia em 2015, com efeitos sobre as desonerações tributárias e transferência de renda. Apesar disso, as mudanças são consideradas necessárias para a retomada do crescimento de forma sustentável e a um ritmo mais acelerado do que o atual.
Desse modo, o ano de 2015 deve começar com baixa atividade no comércio, replicando o desempenho verificado em 2014. No entanto, com a expectativa de que haja recuperação nas vendas no segundo semestre, o setor deve fechar o ano de 2015 com leve expansão positiva de 0,5%.