Calma, cadê o respeito?

Ter dívidas tira o sono de qualquer um. Quem tem dívidas, seja por ter perdido o emprego ou até mesmo por não conseguir controlar seus gastos, não chega a essa situação porque quer. Assim, é sempre um momento muito delicado. Por isso mesmo, esse devedor não quer uma empresa que o cobre de forma abusiva, e sim uma empresa que o entenda. Para inibir essas ações mais agressivas, a CCT, Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática, deve votar projeto que proíbe ligações telefônicas sem identificação. No entanto, a aprovação não deve causar um impacto tão grande no setor, já que essa é uma prática pouco utilizada pelo mercado, que entende a importância de respeitar o cliente. “As companhias do setor já estão conscientes de que hoje, mais do que nunca, elas precisam se mostrar compreensivas com os problemas de seus clientes e que uma ligação anônima não transmite credibilidade alguma para esse consumidor”, afirma Eric Garmes, vice-presidente da Paschoalotto.
Ele explica que foi se o tempo em que uma empresa de cobrança somente incomodava o cliente, hoje ela é também vista como uma solução. “São várias as manifestações do cliente por uma negociação bem feita, respeitosa. Acredito que a transparência numa negociação é um pilar básico para uma recuperação de crédito bem sucedida, a começar pela identificação da ligação”, afirma. Garmes acredita ainda que, se aprovado, o Projeto de Lei pode ter impacto positivo no mercado. “A empresa deve agir sempre com transparência, identificando seu tronco, seu número, para que o devedor possa atender sabendo quem está do outro lado ou até mesmo para um retorno posterior. A transparência só aumenta a credibilidade no nosso segmento, além de ser um dos pilares da governança corporativa”, explica.
Quem compartilha dessa mesma opinião é Francisco Pereira, CEO da Agyx Cobranças. Para ele, o Projeto de Lei não deve ter muitos impactos negativos para o mercado, já que a maioria das empresas não comete esse tipo de ações abusivas. “A empresa que trabalha dentro do código de defesa civil e do código civil, não sentirá impacto.” Para o executivo, quem perde é a empresa que cobra de forma ilícita, agredindo e utilizando argumentação de baixo calão para resgate de cobrança. O impacto só será negativo, segundo o executivo, quando se tratar de devedor mau caráter, o qual não tem real interesse em pagar. “Alguns devedores utilizarão do recurso para esquivar-se de pagar”, afirma. Como alternativa, as empresas irão intensificar o uso de outras ferramentas para a realização da cobrança. “Há algumas situações de adaptação, como por exemplo, empresas que trabalham com a telefonia alternativa, VoIP, skype, interface”, diz.
Para Alex Sandro Pinho, gerente operacional da Support Cred, no entanto, o PL pode não ser tão positivo para o mercado. Isso porque a indústria de cobrança já enfrenta muitas restrições. “Já existem inúmeras dificuldades existentes nesse mercado. Mais uma medida que visa, exclusivamente, controlar os procedimentos das empresas de cobrança pode ser ruim. Sem levar em conta que este é um mercado que tem um papel fundamental na economia, por meio da geração de empregos e inserção no mercado de trabalho”, explica. Mesmo assim, ele entende que não esconder o número é uma forma de respeitar o cliente.
E na sua opinião, de que forma o projeto de lei que prevê a proibição de ligações telefônicas sem identificação irá impactar no mercado? Deixe a sua opinião na enquete do Portal Crédito e Cobrança.

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