Com um mercado já estabelecido em território nacional, o cartão de loja oferece condições diferenciadas de pagamento que proporcionam uma melhor aproximação das empresas de varejo e seus consumidores. Por esses motivos, o cartão pode ser visto como uma evolução dos antigos carnês utilizados no passado, como entende a diretora de operações da Elavon, empresa do setor de adquirência e processamento de cartões de crédito, débito e meios eletrônicos de pagamento, Cibele Rodrigues. “Podemos entender os cartões como uma evolução, sim, dos antigos carnês de loja. Isto porque eles conseguem oferecer as mesmas condições de fidelização, porém, com uma capacidade de geração de negócios bem maior”, aponta.
A gestora explica que esse benefício oferecido pelas lojas, além de fidelizar os consumidores com melhores condições de pagamento, promoções e vantagens, também lhes proporciona uma melhora no seu poder aquisitivo, diante das soluções ofertadas. Por outro lado, existem os perigos do endividamento por parte dos clientes com menor cautela no controle dos gastos. Nesse ponto, Cibele Rodrigues comenta que os cartões de loja são, em muitas ocasiões, a porta de entrada de uma grande camada da população ativa no mercado de crédito.
Segundo ela, o mercado já detectou que a falta de uma melhor educação financeira por parte do consumidor ao adquirir o benefício, e da loja em investigar o histórico do adquirente, acaba gerando um cenário indesejado de inadimplência. “Ao emitir um cartão para seu cliente, muitas vezes o lojista tem disponível para avaliação apenas o histórico do relacionamento deste cliente com a loja e não informações dos hábitos de pagamento relacionado a instrumentos de crédito, o que pode levar a uma avaliação parcial dos fatores que impactam na capacidade de pagamento deste cliente. Neste sentido, existe sim, o risco de impacto na inadimplência. Podemos dizer que este risco já foi detectado pelo mercado e hoje existe um grande esforço para minimizá-lo”, explica. A executiva evidencia ainda algumas das principais iniciativas feitas para evitar o descontrole da inadimplência nos últimos anos. “O início de campanhas educativas para o consumo consciente e a criação de instrumentos mais completos de avaliação de risco como o bureau positivo de crédito”, avalia.
Apesar de proporcionar muitos negócios, a executiva afirma que, nesse momento, há uma diminuição no ritmo do crescimento dos cartões de loja devido ao “embandeiramento” desse serviço. Ou seja, que o cartão de uma loja, como por exemplo, da Lojas Renner ou da Riachuelo, receba uma bandeira internacional como Visa ou MasterCard. “O segmento entende como natural o fato de que os programas iniciados internamente para atender apenas aos clientes da loja, na própria loja (ou rede) passem a receber uma bandeira para proporcionar a oportunidade de que este plástico seja aceito e usado também para compras fora destas lojas. Muitas vezes, ao receber uma nova bandeira, o cartão de loja passa a incluir outros parceiros que se responsabilizam financeiramente das operações (geralmente um banco). Quando isto acontece, as transações envolvendo estes cartões passam a ser registradas na modalidade de cartão de crédito tradicional, por isso, provocam a diminuição das transações na modalidade loja ou rede”, analisa.
Para a executiva da Elavon, esse “embandeiramento” é um importante ganho e algo que vai além das transações efetuadas na própria loja do encarregado. “O lojista que tem um cartão com uma bandeira internacional, por exemplo, pode ter uma fonte de renda até por transações feitas em outros estabelecimentos. Sendo que é um fator evolutivo muito forte o fato de todo o processo passar a ser eletrônico, o que agrega os fatores segurança, agilidade e comodidade a todo o ciclo”, conclui.