Cobrança nas redes sociais

Nem sempre é fácil aderir a novidades e tendências tecnológicas, principalmente no que diz respeito ao setor de cobrança e sua participação nas redes sociais. Afinal, é inegável que elas transformaram o mundo dos negócios e estão presentes no dia a dia dos brasileiros, principalmente quando eles querem elogiar ou relatar algum problema com uma empresa ou serviço. Além disso, muitos colaboradores fazem uso dessas redes, seja para falar bem do próprio emprego ou comentar alguma situação de raiva com o chefe ou colega. Para abordar esse tema, o 5º Fórum de Inovações do IGeoc convidou a professora Carolina Terra, que ensinou como agir em determinadas situações.
“Para resolver os problemas que surgem nessas redes sociais, primeiro é preciso mapear o problema, analisar a repercussão dele e dar uma satisfação ao cliente de acordo com o tamanho do problema”, ensina Carolina. Ela pontua que é tudo uma questão de estratégia e saber diferenciar uma grande repercussão de problemas localizados, demonstrando que, muitas vezes, um usuário que reclama o tempo todo só quer ser ouvido. Também é importante usar as mídias sociais a seu favor – e isso não significa que precisa ser todas elas. Cada empresa tem um tipo de público e, por isso, é preciso conhecer com quem se está trabalhando.
“As empresas de cobrança devem ter cuidado ao usar ferramentas como WhatsApp e Facebook, pois isso pode gerar processos sobre invasão de privacidade”, ressalta Carolina, destacando que essa modalidade só é permitida com expressa autorização do cliente. Além disso, para qualquer ação que a empresa fizer, é necessário estar preparado para o pior, a fim de buscar as melhores formas de se resguardar. Mas também é preciso pensar adiante e se inteirar das tendências, como o multitelas ou contratação e networking através de Linkedin. Afinal, a internet é um campo muito vasto e fértil a ser explorado por todos.

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Cobrança nas Redes Sociais



Num sistema capitalista, ter crédito é de vital importância. Se uma pessoa quer construir algo durante sua existência, é praticamente impossível fazer isso sem crédito. O principal ingrediente para se ter crédito é a reputação. Apenas “quem fui” ou “quem sou” garante meu crédito. As empresas que fomentam crédito dificilmente apostam em “quem serei”, excetuando as de fomento a crédito estudantil e congêneres.


A grande maioria das pessoas entendem que a reputação é sua mola propulsora para continuar, ao longo da vida, tomando/pagando seus créditos. Todos sabem que, ao deixar de saldar suas dívidas, deixam também de manter sua reputação em ordem e com isso encerrar o ciclo. Na verdade, ninguém quer ter sua reputação manchada por nada, muito menos por crédito.


Assim, é razoável entender que, quem tomou crédito quer pagar para manter sua reputação. Só não o faz se acontecer um evento que o impeça disso. É nesse momento que as empresas de fomento de crédito têm que ser coerente e entender o evento acontecido para poder propor soluções adequadas.


Cobrar o não pagador enviando cartinhas ameaçadoras, telefonemas não educados e outros artifícios constrangedores não me parece que surta tanto efeito quando propor acordos adequados ao evento acontecido.


Após o vencimento da dívida, é comum a empresa que concedeu o crédito transferir e/ou vender para empresas mais especializadas. Essas empresas não estavam presentes no momento da concessão e por isso não conhecem peculiaridades da pessoa em relação a sua reputação, etc. Como ganham em função dos “créditos recuperados”, a estratégia de cobrança é muito mais voltada para “coerção” e “medo” do que o entendimento do evento acontecido e um acordo em relação á isso.
Com o crescimento das redes sociais, as estratégias de cobrança avançam para esse campo. Ao localizar a pessoa, geralmente chamada de “inadimplente”, inicia a cobrança enviando mensagens privadas. Se não houver resposta e/ou a resposta não for o que a empresa de cobrança deseja, coloca-se um texto no mural da pessoa com o objetivo único e exclusivo de constranger e com isso fazer com que a pessoa pague sua dívida.


Além de ilegal, segundo o IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e do CDC – Código de Defesa do Consumidor, é extremamente imoral e anti-ético. É imoral, porque a estratégia de cobrança é equivocada em função de apenas querer recuperar o crédito dentro de um padrão que não leva em consideração o evento acontecido. É anti-ético porque, ao constranger a pessoa “inadimplente” criamos seres humanos piores e ainda não recuperamos o crédito perdido.


Penso que a melhor forma de se cobrar é a combinação de três pontos: uma análise profunda do evento acontecido, da reputação da pessoa e de um acordo possível para a pessoa. Tudo isso de forma ética e humana. Temos que mudar o modelo de “cobrança técnica” para um modelo de “acordo humano”. Toda vez que um sistema técnico sobrepôs um sistema humano, a sociedade e o mundo perderam.


Francisco Assis Santos é filósofo e professor de Ética do MBA da Fundace. Sócio e consultor da Aprendendo@Pensar, empresa especializada em Educação Corporativa.


 

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