Elisa Simão, sócia da PwC Brasil

Estratégia de ESG é muito relevante para cooperativas de crédito

Levantamento da PWC mostra que, para 51% dos entrevistados, essas práticas melhoram percepção positiva e ajudam a reter associados 

Embora somente 48% trabalhem com metas específicas a respeito, 76% das cooperativas de crédito afirmam ter compromissos públicos com ESG atrelados às suas estratégias. Os dados fazem parte de pesquisa realizada pela PwC Brasil visando apurar o panorama dessa adoção no segmento. As ações relacionadas às práticas ESG atraem o interesse da quase totalidade (98%) das 165 entidades brasileiras do setor de cooperativas de crédito participantes do levantamento. O percentual é resultado da soma entre os 75% muito interessados e os 24% razoavelmente interessados. Além disso, para 70%, essas práticas são consideradas muito importantes.

De acordo com Elisa Simão, sócia da PwC Brasil e responsável pelo estudo, 51% dos entrevistados acreditam que incorporar as práticas ESG em suas cooperativas ajuda a atrair ou reter associados, constituindo uma ação positiva. “Ou seja, se a pauta é importante e atrai o interesse das cooperativas, mas apenas 48% contam com metas, esse é um campo que tem muito espaço para crescer num futuro próximo. Por isso, a recomendação que fazemos é que as cooperativas incorporem os aspectos ESG em suas estratégias, usando dados para ampliar a transparência e melhorar a prestação de contas, além, claro, de elaborar planos vinculados a metas”.

A executiva explica que, em 2019, a Agenda BC# (“Agenda Bacen”) passou a focar em três novas dimensões, dentre elas a inclusão com o propósito de facilitar o acesso geral ao mercado financeiro. Como uma de suas principais iniciativas, está o crescimento do cooperativismo de crédito no mercado brasileiro. Em continuidade, em 2020, a dimensão de Sustentabilidade foi também adicionada à Agenda BC#, tendo como principal objetivo promover o financiamento sustentável e contribuir para a redução dos riscos socioambientais e climáticos na economia e no Sistema Financeiro Nacional (SFN).

“Conforme divulgado recentemente, o Serviço Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) atingiu a marca de participação de 11,7% no SFN em dezembro de 2021 e a meta da Agenda BC# é que feche o ano de 2022 com 20% de participação. Dando ainda mais relevância ao tema, o Banco Central do Brasil (BC), divulgou em setembro de 2021 seis novas normas a respeito de riscos sociais, ambientais e climáticos”, explicou Elisa.

Exigências legais

Em 1º de julho de 2022 passou a vigorar a Resolução CMN nº 4.945/2021, que revogará, em 1º de dezembro de 2022, a Resolução CMN nº 4.327/14. Essa resolução versará sobre a Política de Responsabilidade Social, Ambiental e Climática (PRSAC) e sobre as ações com vistas à sua efetividade. “Nesse contexto, a pauta ESG vem sendo amplamente debatida pelas estruturas de governança das cooperativas de crédito, com o propósito de não somente adequarem-se às novas exigências normativas previstas, mas principalmente com o objetivo de estabelecer princípios em seus negócios e na sua relação com cooperadas, comunidade interna e demais stakeholders”, completa a executiva.O estudo destacou, ainda, que 74% das cooperativas disseram seguir, ao menos parcialmente, as boas práticas de gestão ambiental em suas operações e espaços físicos. Além disso, 72% garantem monitorar as atividades ambientais dos associados e 78% afirmaram contar com produtos que fomentam projetos socioambientais. Alinhadas aos princípios que norteiam as instituições deste segmento, as cooperativas de crédito estão investindo nessa frente: 85% possuem alguma ação social de educação financeira junto às comunidades locais, 61% adotam ações voltadas a pequenos negócios, 50% têm programa de diversidade para a contratação de funcionários e 26% trabalham com alguma iniciativa de inclusão digital nas comunidades.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima