Desde o segundo semestre de 2014, o termo “crise econômica” se tornou mais recorrente, ganhando força com os reajustes anuais anunciados em janeiro de 2015. Já a expressão “bolha imobiliária” ronda muitos interessados em adquirir a casa própria há um tempo maior, mas deve alcançar mais ouvidos ainda este ano. Isso porque a oferta por crédito acabou se tornando expressivamente maior do que a demanda, assim como a quantidade de imóveis desocupados cresce a cada dia e, muitas vezes, a cada novo prédio erguido. O motivo é simples: o reajuste do valor do metro quadrado, bem como dos juros e taxas de financiamento, subiu muito quando comparado ao salário da população. E o resultado é a possível estagnação. “O ano de 2015 é muito ruim para crédito, seja porque as condições pioraram, o custo é mais caro, os bancos estão mais seletivos. Com todas estas altas, o consumidor corre o risco de desemprego – que, aliás, já está começando a crescer. Portanto, as expectativas para este mercado, que foram boas nos últimos anos, hoje são muito ruim, já que o crédito está mais caro e mais curto” comenta Miguel José Ribeiro da Silva, diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, Anefac.
Porém, nem todos do setor são tão pessimistas. “Acredito que vamos, pelo menos, praticar os mesmo números praticados no mesmo período do ano passado. Inclusive, com possibilidade de crescimento, ainda. Muito embora tenha existido um aumento de juros por parte da Caixa Econômica Federal, nesta faixa de mercado, pelo aumento de mercado, não há uma provocação muito grande no sentido negativo”, explica José Augusto Viana Neto, do Creci-SP. Sobre o crédito popular, ele aponta que, como não houve autorização e o déficit habitacional é alto, as coisas devem acontecer, principalmente agora que as políticas econômicas começam a ficar mais bem delineadas. “Com isso, o mercado readquire a confiança”, complementa.
Apesar disso, a tendência é que as concessionárias de crédito fiquem mais criteriosas na hora de avaliar o beneficiário, visto a existência de um possível crescimento no índice de desemprego do País, aliado a inflação que sobe a cada mês. Tudo isso favorece ainda a possibilidade das recuperadoras de crédito aumentarem a participação neste mercado. “Em virtude da conjunção de problemas, vai ter um crescimento muito forte da inadimplência, seja como pessoa física ou jurídica. As empresas também vão sofrer com isso. Quedas de vendas causam dificuldades para honrar os compromissos. Então as terceirizadas de cobrança irão se destacar, pois bancos, lojas, entre outras, irão contratar mais esse serviço de recuperação de ativos”, explica o diretor da Anefac.
À sombra da inadimplência, Germano Leardi, diretor de relações institucionais da franqueadora imobiliária Paulo Roberto Leardi, adverte: “A perspectiva é a redução de procura. Devido a especulação de aumento das taxas de juros, ao contrário do que deveria acontecer, o consumidor deve aproveitar enquanto eles ainda estão acessíveis pelo volume de oferta de crédito. O financiamento imobiliário ficará mais caro, porém diluído nas parcelas será imperceptível ao consumidor, mas fará diferença no valor total pago ao fim do contrato.”
Contudo, faz-se necessária uma diminuição da bolha imobiliária, conforme orienta Celso Grisi, presidente do Instituto Fractal, a fim de manter o mercado aquecido. A medida, inclusive, visa tornar mais equivalente o metro quadrado cobrado em muitos lugares com o salário do brasileiro, pois as pessoas estarão cada vez mais cautelosas com seus gastos e menos dispostas a investir em valores abusivos. “O que se espera para esse primeiro semestre, é a demanda por crédito arrefecer. Por outro lado, espera-se que o preço dos imóveis caia. Se isto ocorrer – uma queda agressiva -, é possível que apareçam compradores e são eles que farão alguma pressão sobre o mercado imobiliário. Seja como for, o primeiro semestre não é alentador. Caso haja alguma melhora, somente no segundo período do ano, mas somente se as construtoras baixarem os preços dos imóveis novos”, conclui Grisi.
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