Conforme o setor de cobrança já esperava, a crise macroeconômica enfrentada pelo País movimentou o segmento. De fato, é uma oportunidade a ser aproveitada. Entretanto, é necessário estar preparado para a crescente demanda de inadimplentes, observado que o índice aumenta a cada mês. Isso porque não foi só o número de devedores que aumentou: o de interessados em renegociar também. Assim, diante desse cenário, Satoshi Fukuura, diretor executivo da Siscom, afirma que as recuperadoras de crédito necessitam investir em inovação, tecnologia e inteligência – como planejamento, modelagem e estética -, buscando formas de não deixar o processo oneroso, já que todos estão em recessão. Ele acrescenta ainda o investimento nos colaboradores, aproveitando que eles não estão querendo arriscar seus empregos diante do cenário atual, sendo mais seguro e interessante apostar no desenvolvimento deles.
Mas essas medidas de cuidado devem vir acompanhadas de outras ações, como, por exemplo, análise da situação dos inadimplentes e do cenário econômico brasileiro como um todo, até porque, muitas vezes, o cliente busca a negociação sem ter noção de qual é o melhor momento para reavaliar seu débito. “É importante que as recuperadoras de crédito intensifiquem este assunto a partir do segundo semestre, pois é quando os inadimplentes ainda trabalhadores já podem pegar uma parte do seu 13º e/ou tirar férias, destinando metade para renegociação”, exemplifica Emilio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo, ACSP.
Nesse sentido, e olhando com cautela para os próximos meses, Mauricio Ramos, sócio diretor da R Brasil Soluções, associada do Instituto Geoc, reforça a importância de estruturar uma estratégia de negociação. “Olhando o cenário futuro, a tendência é de uma deterioração maior nos indicadores de inadimplência e maior perda do poder de pagamento das famílias, uma política bem elaborada de renegociação somada a política de cobrança é de extrema importância para reequalizar a relação entre consumidores e instituições credoras”, prevê. Pensando nisso, Marcela Kwauti, economista chefe do SPC Brasil, sugere que as recuperadoras de crédito busquem conscientizar os devedores, seja dando mais prazo para que eles possam analisar sua situação financeira e ver o que pode ou não ser feito antes de renegociar, ou, até mesmo, elaborando uma cartilha orientando que o consumidor tome essas medidas antes de buscar a negociação.