Com tantas incertezas no mercado de crédito, muitas delas corroboradas e vivenciadas durante o primeiro semestre de 2015, fica cada vez mais evidente a desaceleração contínua do crédito. Algo que já pode ser observado é a queda real no crescimento dos saldos com recursos livres (utilizado para aquisição de bens e serviços), enquanto para os recursos direcionados ainda existe um crescimento, mas menor em comparação aos outros anos, inclusive em categorias consideradas seguras – como imobiliário e consignado. E a previsão, segundo Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC, é de que este fenômeno seja intensificado nesse segundo semestre, com possibilidade de reversão somente em meados de 2016.
Além disso, o consumidor está cada vez mais consciente – fator que ocasionou em uma redução nas buscas pelo serviço. Os que ainda tentam conseguir um empréstimo encontram as concessionárias de crédito mais seletivas, principalmente pela inflação persistentemente alta, o aumento na taxa básica de juros, baixo ritmo de crescimento da atividade econômica e pouca confiança na economia. Somando-se os motivos, é bem provável que a taxa de crescimento de crédito deste ano fique bem abaixo dos dígitos, na visão de Calife.
Ele reforça ainda que nesse quadro continua sendo importante ser cauteloso nas avaliações de crédito, pois é possível observar uma piora do perfil da dívida do consumidor, com o aumento das linhas de crédito rotativo, indicando uma piora no endividamento. “No curto prazo esse cenário não tende a se modificar. Alguns sinais de melhoria no mercado de crédito somente poderão ser observados a partir de 2016, com a reversão parcial de algumas variáveis macroeconômicas, como por exemplo, inflação em patamar mais palatável, juros menores, atividade em aceleração, entre outros. Ainda assim, há ressalvas de que este tipo de cenário só se concretize em 2017”, conclui Calife.