O impacto da entrada dos idosos no mercado de crédito



Ao estabelecer a lei 10.820 de 2003, o governo permitiu o convênio das instituições de crédito com o INSS, através da autorização do desconto de prestações diretamente na folha de pagamento dos aposentados. Resultados da medida? Uma verdadeira ebulição, um impulso no mercado de crédito para este público, como avalia Marcio Desideri, executivo comercial do Grupo P&N, especializado em software para gestão de crédito consignado. “Acreditava-se que, até então, esta parcela de ´clientes potenciais´ não tinham acesso a crédito e que as altas taxas praticadas e a burocracia do sistema inibiam o desejo de consumo financiado”, aponta.


Esse cenário não somente aqueceu a economia brasileira, bem como as oportunidades de negócio para as financeiras, como também favoreceu os familiares dos aposentados, que de certa forma, beneficiam-se dessa situação. “Foi um estouro. O crédito barato para fomentar o consumo foi um dos fatores de aceleração da economia. Os bancos iniciaram a ´corrida do ouro´, pois, se criou um mercado potencial de mais de 27 milhões de consumidores. Os idosos se tornaram a ´matriz´ do crédito na família, pois na maioria das vezes, por ter o crédito facilitado, acabam consumindo para familiares”, afirma o gestor.


As medidas do governo, como a redução das taxas praticadas e a isenção de IPI, mantém o mercado aquecido e atraem novos tomadores de crédito, como a exemplo de uma ação recente entre dois dos principais bancos brasileiros que contribui para o aparecimento de novos negócios. “Recentemente, a ação conjunta do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, de redução das taxas praticadas lotaram as agências de um público que, até então, não havia sido atingido pelas empresas de crédito. Tais ações incentivam o empreendedorismo dos correspondentes bancários onde temos visto cada vez mais novos pontos de atendimentos, como lojas de serviços financeiros abrindo e se expandindo em todo território nacional”, evidencia. 


O momento econômico favorável do Brasil, ações governamentais e as medidas de estímulo ao crédito proporcionam a intensa participação da terceira idade em negociações de crédito, e abrem novas perspectivas para a manutenção dessa realidade e uma provável sequência fundamentada por fatores como a portabilidade, como analisa o executivo. “A regulamentação da portabilidade dentro da modalidade, hoje existe, mas não acontece oficialmente. Quando um tomador de crédito quer mudar de instituição, é necessário quitar sua dívida anterior para a concessão de uma nova. A portabilidade desburocratiza o processo, permitindo a transferência da dívida para a instituição que melhor lhe convier”, conclui.

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