Conhecido no mercado como credit scoring, essa pontuação é vista por alguns como uma “caixa preta”, afinal poucos conhecem como o ranking é composto. Por isso, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Idec, e o Instituto de Tecnologia e Sociedade, ITS-Rio, realizaram o seminário “Sociedade do ranking: credit scoring, discriminação e transparência”, nessa quarta (06), reunindo as empresas responsáveis pelo ranking – Serasa Experian e Boa Vista/SCPC -, as fintechs e pesquisadores para discutir o que pode mudar com as novas empresas de tecnologia que entram nesse sistema e os limites éticos de apuração de dados.
“O Idec e o ITS Rio apresentaram os resultados de investigações dos direitos dos cidadãos que são pontuados. Dos resultados da pesquisa sobre os direitos, identificamos cinco direitos básicos: acesso gratuito às bases de dados e informações pessoais; modificação gratuita, em até cinco dias, de informações erradas e imprecisas; prazo de validade de cinco anos de informações sobre dívidas e débitos, direito de revisão de decisões feitas exclusivamente por computadores e algoritmos, direito de indenização por danos morais por uso de informações excessivas, como likes do facebook”, explicou Rafael Zanatta, do Idec.
No seminário, o consenso foi a necessidade de ser transparente. O pesquisador da UERJ, Danilo Doneda, salientou que a transparência deve ser um direito e um valor da composição da pontuação. Saber os critérios ajudam a ter informações cada vez mais precisas, que ajudam tanto o cidadão como o as entidades de crédito. O mesmo acha a professora da UnB, Laura Schertel Mendes, autora do livro “Privacidade, proteção de dados e defesa do consumidor devem ser resguardados do Big Data e gerar informações improcedentes. “Não estamos falando de dados pessoais, não só para crédito, mas para outros serviços. Tem um efeito negativo muito claro, ou seja, a lei de proteção de dados pondera interesses; e o prejuízo para o consumidor é muito grande” – sobre a questão da análise de gosto pessoal”.
As representantes das empresas que fazem o ranking comentam que as estruturas são seguras. “A Serasa não usa rede social para se basear no perfil do consumidor. É como se fosse uma foto de casal: no Facebook é tudo mil maravilhas, na vida privada, quem conhece sabe que não é bem assim”, explicou Vanessa Butalla. Sobre o cidadão consultar seu credit scoring nesse tipo de instituição, a Boa Vista/SCPC alertou sobre a gestão dos dados: “Quem consulta tem um contrato com o respectivo birô e eles têm um critério para permitir que sejam consultados – não é um mar aberto, existem regras que devem ser cumpridas”.
No painel com as fintechs, sobre os modelos alternativos de scoring, Fabricio Federici, da Lendico, disse que utilizando de alta tecnologia, a análise de dados tem vantagens, como a diminuição da burocracia e os produtos oferecidos online, como empréstimos consignados. Ele exemplifica: “O CEP não diz muita coisa. O CEP em conjunto com outras informações diz muita coisa. Informações combinadas enfraquecem quando analisadas individualmente. O score não é uma coisa ruim, pelo contrário. Se você entender e souber utilizar ao seu favor, pode ajudar muito!”
MANUAL
No site do Idec, foi lançada uma página para desvendar o credit scoring. Um vídeo explica o que é pontuação de crédito e é possível baixar o manual “Por trás da pontuação de crédito: conheça seus direitos”, com orientação ao consumidor com as explicações e os direitos em relação aos critérios de pontuação, com três modelos de cartas para exigir acesso gratuito às informações que compõem a pontuação de crédito, uma para retificação de informações erradas ou imprecisas e uma para exclusão de dados da vida útil, máximo cinco anos por alguma inadimplência.