Em maio, a proporção de famílias paulistanas endividadas caiu um ponto porcentual (p.p.) na comparação com abril. Apesar da queda, 50,1% delas afirmaram ter algum tipo de dívida. Em relação a maio de 2015, quando 55,1% das famílias estavam endividadas, a retração foi ainda mais acentuada (5 p.p.). Em números absolutos, o total de famílias com algum tipo de dívida diminuiu de 1,962 milhão em abril para 1,925 milhão em maio. Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando o número era de 1,974 milhão, houve queda de 49 mil famílias.
Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Segundo a assessoria econômica da Entidade, os resultados de maio mostram o esforço dos paulistanos em reduzir o seu nível de endividamento e em equilibrar o orçamento doméstico. Porém ainda não conseguem quitar todas as dívidas contraídas por causa do cenário atual de aumento do desemprego, inflação alta, juros elevados e dificuldade de acesso ao crédito.
O endividamento continua maior entre as famílias com renda inferior a dez salários mínimos, onde 53,8% afirmaram estar nestas condições em maio, queda de 0,6 ponto porcentual na comparação com abril. Já entre as famílias que recebem mais de dez salários, a parcela de endividados foi de 39,7%, retração de 2 p.p. ante abril. Foi revelado, ainda, que 40,1% das famílias têm sua renda comprometida com dívidas por mais de um ano (ante 38,1% em maio de 2015); 20,2% possuem débitos com prazos de até três meses (21,7% em maio de 2015); 19,6% entre três a seis meses (17,5% em maio de 2015); e 17,9% entre seis meses e um ano (18,2% em maio de 2015).
Inadimplência
Em maio, 18,8% das famílias paulistanas afirmaram estar com as contas em atraso, alta de 0,5 p.p. em relação ao mês anterior. Bem como é o maior resultado desde junho de 2012. No comparativo com o mesmo período do ano passado, o indicador apresentou alta de 3,3 p.p. Em números absolutos, o total de famílias com contas atrasadas atingiu 721 mil.
Entre as famílias inadimplentes, 49,6% delas afirmaram ter débitos vencidos há mais de 90 dias; 23,3% têm compromissos atrasados entre 30 e 90 dias; e 24,7% estão com dívidas vencidas por até 30 dias. De acordo com a FecomercioSP, a elevação na proporção de famílias com contas em atraso demonstra o quanto a crise econômica atual e o quadro de incerteza ainda vigente está afetando diretamente a capacidade das famílias paulistanas de manter as contas em dia.
Assim como o endividamento, a inadimplência também é maior nas famílias com menor renda. Entre as que ganham até dez salários mínimos, 22,5% estão com contas atrasadas – aumento de 3,9 p.p. na comparação com maio de 2015. As famílias com menor renda sentem mais os efeitos da crise econômica e para essa faixa da população, que já vive com o orçamento mais apertado e precisa do crédito para alavancar seu padrão de consumo, qualquer imprevisto pode desequilibrar suas finanças e levar à inadimplência. Já entre aquelas que ganham mais de dez salários, 9,9% afirmaram ter dívidas vencidas em maio – elevação de 1,9 p.p. na comparação com o mesmo mês de 2015.
Além disso, em maio, 7,1% das famílias disseram que não teriam condições de pagar total ou parcialmente suas contas no mês seguinte. Esse porcentual era de 5,5% no mesmo período de 2015. Em números absolutos, existem 274 mil famílias que estão nessa situação.
Tipos de dívida
O cartão de crédito continua o vilão do endividamento e é o principal meio de financiamento das famílias, utilizado por 73,2% dos devedores em maio. Na sequência estão financiamento de carro (15,7%), carnês (14,4%), financiamento imobiliário (13,5%), crédito pessoal (11,2%) e cheque especial (10,4%). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve aumento de 3,3 p.p. na proporção de famílias endividadas no cartão. Houve também, em um ano, crescimento de 4,6 p.p na proporção de endividados no cheque especial.
Diante da alta dos preços e queda da renda o consumidor acaba buscando linhas emergenciais de crédito como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial, o que é preocupante, pois as taxas de juros cobradas por essas modalidades giram em torno de 300% ao ano no caso do cheque especial e superam os 400% ao ano no rotativo do cartão de crédito.