Em um contexto em que a tecnologia se move com velocidade assustadora, há algo ainda mais urgente do que acompanhar as inovações: garantir sua democratização
Autora: Carmela Borst
Nem todos têm a oportunidade de começarem a corrida do mesmo ponto de partida. Enquanto alguns iniciam suas trajetórias com determinados “privilégios”; outros começam às margens de uma sociedade dura, que exige cada vez mais qualificação, mas que não dá oportunidade à medida e na escala desta exigência. É nesse espaço de invisibilidade social que nascem talentos e possíveis trajetórias potentes que precisam ser percebidas, que necessitam de portas que se abram apenas para terem a chance de participarem da corrida a que me referi no começo deste artigo: a corrida do sucesso; da dignidade e da transformação.
Falar sobre oportunidades é, antes de tudo, falar sobre reparação. É enxergar que talento e capacidade não se concentram em um CEP determinado pela sociedade, nem se limita a uma cor de pele, gênero, idade ou diploma. Mentes capazes e brilhantes estão espalhados em vozes silenciadas, em histórias interrompidas, em vidas que esperam uma chance real.
Criar caminhos para essas pessoas via educação e geração de emprego é a maneira mais sustentável, digna e socialmente transformadora que as empresas podem trilhar rumo a uma verdadeira revolução no conceito da real diversidade e inclusão. E a tecnologia é uma das mais poderosas ferramentas de inclusão, quando alçada a todas as camadas da sociedade, quando democratizada e utilizada para transformar e incluir e não para destruir ou segregar.
Em um contexto em que a tecnologia se move com velocidade assustadora, há algo ainda mais urgente do que acompanhar as inovações: garantir sua democratização. Isso passa por inclusão, por levar às empresas a capacitação que elas necessitam para escalonar e atender a necessidade de seus negócios e fazer um jogo de ganha-ganha. É falar sobre capacitação, letramento digital, inteligência artificial e negócios!
Foi dessa urgência que surgiu um projeto do qual me orgulho muito e que hoje reúne talentos diversos em soluções tecnológicas que nascem do improvável, o SoulCode Studio. Pessoas que até pouco tempo atrás eram vistas somente como estatística, de desemprego, evasão escolar ou exclusão social, hoje assinam projetos, constroem produtos, imprimem identidade e visão em cada linha de código em empresas que compartilham desta mesma visão. É o poder da tecnologia transformando vidas.
Quando o mercado decide abrir espaço para esses olhares, para essas vidas, o que se ganha não é apenas diversidade e sim potência criativa. É a capacidade de enxergar o que antes era invisível e isso resulta em inovação de verdade.
Deixo aqui meu convite para quem lidera: mais do que incluir, é hora de confiar, de abrir espaço não só para corpos diversos, mas para ideias novas, perspectivas não hegemônicas, experiências que desafiam os padrões. O caminho é mais justo quando é trilhado por todos, porque quem já viu o que é estar do lado de fora, sabe exatamente como redesenhar o que está dentro.
Carmela Borst é CEO da SoulCode Academy.