Ao olhar com atenção para o público e oferecer momentos únicos, essas ações mostram como é possível construir conexões que sejam, ao mesmo tempo, memoráveis e humanas
Por Loreta Caporrino
Quando você escuta a frase “Vivemos em um mundo onde tudo está conectado”, o que vem à sua mente?
Eu, particularmente, gosto de pensar que essa expressão já deixou de ser um clichê para se tornar uma constatação quase óbvia. Com o avanço acelerado da internet e da IA, as conexões digitais estão cada vez mais presentes em nossas vidas, influenciando as relações pessoais, profissionais e até a forma como diferentes ecossistemas e marcas se organizam. O curioso é que, ao mesmo tempo em que estamos imersos em tecnologia, as experiências reais se tornaram cada vez mais raras. É como se elas fossem, hoje, um dos bens mais valiosos que podemos ter.
Atualmente, as pessoas não querem apenas comprar ou ver um produto em uma tela, isso já é o mínimo esperado. O que elas realmente buscam é sentir a marca, vivê-la, se envolver com ela. É justamente nesse contexto que a criatividade e o conceito de brand experience ganham tanta força e relevância. Mais do que comunicação, trata-se de criar experiências que emocionam, surpreendem e deixam lembranças duradouras.
Por exemplo, eventos de grande porte se tornaram um palco perfeito para gerar esses sentimentos. Não se trata apenas de estar presente, mas de construir uma atmosfera única, capaz de envolver cada pessoa. Cada detalhe conta: a ambientação, a música, as interações inesperadas (tudo é e deve ser personalizado). Um momento que poderia ser comum se transforma em algo inesquecível.
Segundo uma pesquisa da McKinsey, 71% dos consumidores esperam interações personalizadas e 76% se decepcionam quando não as recebem. Isso significa que a experiência precisa ser construída com sensibilidade, entendendo quem está do outro lado, antecipando desejos e entregando valor de forma natural, sem excessos. Quando bem-feita, cada ativação vira memória, aproxima pessoas da marca e cria histórias que elas próprias querem compartilhar.
Mas é preciso lembrar que personalização exige ética. Usar dados de forma transparente e responsável deve estar no centro de qualquer narrativa. Desde um simples check-in até plataformas que mostram como as informações serão utilizadas, a privacidade precisa ser tratada como parte essencial da experiência. Cuidar desse aspecto é, também, cuidar da confiança e segurança das pessoas.
Um exemplo que traduz bem tudo isso são as ativações que vêm acontecendo em grandes festivais e eventos culturais. O desafio não é apenas marcar presença, mas criar um ambiente capaz de reunir diversão, emoção genuína e um toque de personalização. Ao olhar com atenção para o público e oferecer momentos únicos, essas ações mostram como é possível construir conexões que sejam, ao mesmo tempo, memoráveis e humanas. Mais do que isso, despertam a curiosidade das pessoas em conhecer melhor a marca e seu propósito.
No fim das contas, brand não é sobre o que a marca quer dizer, mas sobre como ela faz o público se sentir. Criar experiências reais, envolventes e emocionantes é a forma mais poderosa de conectar pessoas e marcas em um mundo onde todos estão sempre ligados, mas muitas vezes desconectados do que realmente importa.
Loreta Caporrino é head of brand and creative da BetMGM.