José Cesar Costa

Quase 30% dos consumidores usaram nome de terceiros para fazer compras

Segundo pesquisa da CNDL e do SPC Brasil, pedir cartão de crédito emprestado é a principal forma utilizada pelos consumidores, principalmente por não ter tentado acesso ao crédito

O acesso ao crédito é um grande desafio econômico do país, um cenário que se torna ainda mais desafiador diante da alta inadimplência da população. E, diante da recusa de um pedido de crédito, a solução encontrada por muitos consumidores é usar o nome de amigos ou familiares, uma atitude arriscada e que pode acarretar prejuízos e constrangimentos. A constatação faz parte da pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, mostrando que 29% dos consumidores fizeram compras com cheque, cartão de crédito, crediário, empréstimo ou financiamento utilizando o nome de outra pessoa nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa, sendo que 21% utilizaram o cartão de crédito. Em seguida, aparecem os empréstimos (4%) e o crediário (4%), financiamentos (3%) e cheque (2%).

A principal justificativa para a compra em nome de terceiros é nunca ter tentado o acesso ao crédito (24%), seguido do estouro no limite do cartão de crédito e/ou cheque especial (24%) e não ter conseguido aprovação ao crédito (18%).

O presidente da CNDL, José César da Costa, alerta sobre os riscos do ato, uma vez que a responsabilidade legal sobre a dívida é sempre de quem emprestou, já que, formalmente, ele é o titular da pendência financeira. “Precisamos ficar atentos ao fato de que se uma pessoa está sem crédito, provavelmente ela está com dificuldades em manter as contas em dia. As consequências do empréstimo de nome podem ser muito ruins, tanto do ponto de vista financeiro quanto do ponto de vista das relações sociais. Quem empresta o nome a um terceiro assume o risco do pagamento com a instituição financeira, tendo que arcar com eventuais atrasos ou até mesmo a quitação de uma dívida que não foi realizada em seu nome”.

Cônjuges, irmãos e pais são os mais abordados

O estudo revela ainda que, na hora de pedir o nome emprestado, as pessoas mais procuradas são aquelas do círculo de convivência, como cônjuges (26%), irmãos (18%) e pais (18%). Em seguida aparecem os amigos (17%) e outros familiares (17%).

A pesquisa revela que os argumentos de convencimento mais utilizados por quem pede o nome emprestado variam: 25% disseram que precisavam fazer o supermercado, 18% pagar uma dívida, 17% para comprar coisas para o filho(a) e 15% comprar presentes em data especial que não poderia deixar de comprar.

A maioria dos consumidores (84%) afirma que quitou ou tem quitado as parcelas em dia. Fazer pelo outro aquilo que outro faz por você nem sempre se aplica neste caso: seis em cada dez desses consumidores dizem que não emprestariam o nome para um amigo ou familiar fazer compras (64%). Porém, 36% afirmam que emprestariam o nome para um amigo ou parente, sendo as principais modalidades o cartão de crédito (24%), empréstimo (7%) e crediário (4%).

Supermercados e lojas de roupas são os mais procurados

Para a maioria dos que utilizam o nome de terceiros, a compra transcorre sem maiores dificuldades. Mas 37% sentiram dificuldades ao utilizar o nome de terceiros para fazer compras, sendo 17% em lojas on-line e 20% em loja física. Mas 58% não tiveram objeções. Os produtos ou serviços mais comprados no nome de outra pessoa foram supermercado (16%), roupas, calçados e acessórios (15%), e eletrônicos (15%).

“Sabemos da questão emocional envolvida quando um parente solicita um empréstimo de nome para fazer uma compra. Mas o consumidor pode buscar outras soluções menos arriscadas, sem o compromisso de uma concessão de crédito. E nos casos de um item de consumo supérfluo, é importante aprender a dizer não, até para preservar a relação de um desgaste maior no futuro”, destacou o presidente da CNDL.

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