David Eastman, diretor-geral e comercial da YouGov

Redes sociais ditam compras de moda, mas consumidores rejeitam influência de celebridades

Pesquisa da YouGov mostra que um terço dos brasileiros compram roupas e calçados a partir de ofertas digitais, enquanto a influência de celebridades se mostra limitada

O consumidor brasileiro de moda está menos interessado em seguir celebridades, mas cada vez mais conectado às redes sociais para decidir o que vai vestir. É o que aponta uma pesquisa da YouGov, multinacional especializada em pesquisa de consumo on-line, que traça um retrato das percepções e comportamentos em relação a roupas, calçados e varejistas no País.

De acordo com o levantamento, 33% dos entrevistados discordam totalmente da ideia de acompanhar celebridades para identificar tendências, enquanto apenas 9% afirmam concordar plenamente. Ao mesmo tempo, as redes sociais surgem como o principal gatilho para compras no setor: um em cada três brasileiros (33%) disse ter adquirido roupas ou calçados após receber uma oferta em plataformas digitais. A influência supera a da TV (22%) e dos e-mails promocionais de marcas (16%).

Outro dado relevante é o gosto pela experimentação. A pesquisa mostra que 63% dos consumidores concordam que gostam de experimentar novas marcas, reforçando o espaço para players emergentes disputarem atenção com gigantes consolidados. Na lista das marcas mais recomendadas pelos brasileiros nos últimos 60 dias, Nike (64%), Havaianas (60%) e Adidas (59%) ocupam as primeiras posições, seguidas por Olympikus (43%) e Puma (34%). O ranking evidencia a força de marcas globais, mas também abre margem para nacionais como Olympikus, Ipanema e Rider se destacarem.

Para David Eastman, diretor-geral da YouGov no Brasil, os resultados refletem uma transformação estrutural na forma como o brasileiro consome moda. “As pessoas já não se orientam tanto por celebridades, mas pela experiência direta e pela descoberta de produtos em plataformas digitais. O peso das redes sociais no gatilho de compra mostra que a decisão do consumidor está cada vez mais pulverizada e imediata.”

Segundo Eastman, o cenário também representa um alerta para o varejo. “Se, por um lado, as grandes marcas seguem na liderança da recomendação, o espaço para que novos players conquistem mercado nunca foi tão grande. O consumidor está disposto a experimentar, e quem souber traduzir isso em comunicação relevante terá vantagem.”

A pesquisa ainda revela que 27% dos consumidores permanecem neutros em relação a seguir tendências de moda. Para especialistas, esse grupo pode ser decisivo para varejistas que invistam em estratégias de personalização, unindo promoções direcionadas e experiências digitais imersivas. “Num setor em que a fidelidade é cada vez menor e o apelo da novidade cresce, a mensagem da pesquisa é clara: o futuro da moda no Brasil passa menos pelo brilho das celebridades e mais pela capacidade de engajamento direto com o consumidor”, finalizou Eastman.

Metodologia

A ferramenta YouGov Profiles é alimentada por dados coletados diariamente por meio de pesquisas contínuas, com uma amostra robusta de mais de 70 mil brasileiros (o tamanho da amostra varia de acordo com o país). Os dados do Profiles Brasil são representativos em âmbito nacional e cuidadosamente ponderados por idade, gênero e região, garantindo alta precisão e relevância nas análises.

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