Estudo da Vindi com a Opinion Box mostra que, enquanto 48% pretendem gastar mais com recorrência, apenas 24% confiam totalmente em pagamentos on-line, apontando um desafio de segurança e experiência para as empresas
Quase metade (48%) dos consumidores brasileiros pretendem aumentar seus gastos com serviços de assinatura até 2030, consolidando o modelo de consumo recorrente como uma parte fundamental do orçamento doméstico. A conclusão é da “Pesquisa de Assinaturas 2025”, realizada pela Vindi em parceria com o Opinion Box.
Somente no último ano, 35% dos entrevistados aumentaram esse tipo de gasto, que inclui assinaturas de serviços de streaming, academia, gás, plano de saúde, entre outros. Neste ano, 26% planejam ampliar ainda mais os gastos, um acréscimo de três pontos percentuais em relação à pesquisa de 2024, na qual 23% apontavam essa intenção.
De acordo com o estudo da Vindi, 56% dos brasileiros já gastam entre R$ 51 e R$ 200 mensais com assinaturas. “A recorrência passou a representar conveniência, previsibilidade e praticidade para o consumidor. E, para as empresas, significa receita estável e oportunidade de fidelização. É um modelo que amadureceu e deve continuar crescendo de forma sólida nos próximos anos”, comentou Marcelo Scarpa, VP de financial services da LWSA.
Streaming na liderança
Apesar do streaming seguir na liderança do modelo de consumo recorrente, com 69%, outras atividades como academias, serviços em nuvem e programas de fidelidade de apps de comida também crescem na preferência dos consumidores. O entretenimento, como o streaming de vídeo (73%) e música (45%), ainda lidera a preferência nacional. No entanto, a pesquisa aponta uma forte expansão das assinaturas para o dia a dia do consumidor, com destaque para apps de comida (40%) e academias (40%).
O modelo também se consolida em serviços essenciais do orçamento familiar, como planos de saúde (43%), seguros (35%) e educação (29%), além de ferramentas de produtividade, como o armazenamento em nuvem (35%). “Esse comportamento indica que o consumidor brasileiro está confortável com a lógica do pagamento recorrente. Mas ele também é exigente: espera uma boa experiência, valor contínuo e autonomia para controlar seus gastos”, pontuou Scarpa.
Os novos dilemas do consumidor de streaming
A experiência segue sendo um fator primordial para 30% dos consumidores manterem um serviço. Por outro lado, quando se trata do serviço de streaming, 58% são contra os anúncios na plataforma, enquanto 45% acham justo ter publicidade e pagar menos pelo serviço.
A contratação de planos familiares responde por 80% das assinaturas de vídeo e 60% das assinaturas de áudio. Já o compartilhamento de senha com pessoas que não residem no mesmo endereço, diminuiu, passando de 56% no ano passado para 49% aferidos na pesquisa deste ano.
A experiência de uso (30%) e o custo-benefício (20%) estão entre as principais razões para fidelização de clientes, além da oferta de vantagens exclusivas para assinantes (26%), de acordo com a pesquisa. Por outro lado, 49% já cancelaram serviços por insatisfação e 39% afirmaram não usar com frequência o que assinaram.
Desconfiança do consumidor abre espaço para o avanço do Pix
A pesquisa revela um paradoxo no comportamento do consumidor: embora o cartão de crédito ainda seja o meio de pagamento mais utilizado para assinaturas (69%), a desconfiança é alta, com apenas 24% dos usuários afirmando que confiam totalmente em cadastrar seus dados online.
Essa tensão abre espaço para o crescimento de métodos alternativos como o Pix (13%) e o débito (8%), especialmente entre os mais jovens. Para as empresas, esse cenário demonstra a necessidade de oferecer não apenas variedade, mas também tecnologia que garanta segurança e uma experiência de pagamento com poucas etapas. “Vemos uma tendência de crescimento dos pagamentos por Pix com a chegada do Pix programado e, nos próximos meses com o Pix parcelado, sendo assim, as empresas terão que se adaptar”, concluiu o executivo.
Metodologia
A “Pesquisa de Assinaturas 2025” foi realizada em maio de 2025 com 2.023 consumidores em todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.