O marketing jurídico deve ser avaliado pela sua capacidade de contribuir para a conquista de novos negócios, o reforço da autoridade dos sócios ou a fidelização de clientes estratégicos
Autora: Priscilla Adaime
No universo do marketing jurídico, dois conceitos frequentemente confundidos são os de eficácia e eficiência. Embora ambos remetam à ideia de desempenho, tratam de aspectos muito distintos da estratégia. A confusão entre eles pode levar escritórios a priorizar métricas superficiais e decisões equivocadas, comprometendo o potencial real de crescimento e posicionamento da marca.
A eficácia está relacionada à finalidade da ação. Em outras palavras, ela mede se o que está sendo feito de fato atinge os objetivos estratégicos do escritório. Não basta produzir conteúdo com regularidade ou manter uma presença constante nas redes sociais. Um plano de marketing só é eficaz se contribui para metas concretas, como ampliar a base de clientes, fortalecer a reputação no setor de atuação ou gerar novos negócios com contas relevantes. A eficácia está no impacto e na relevância do que se entrega, e não apenas no volume ou na estética da entrega.
A eficiência, por sua vez, diz respeito ao processo. Um escritório pode ser extremamente eficiente ao publicar boletins semanais, alimentar o site com atualizações jurídicas e manter uma identidade visual impecável. As campanhas podem ser bem-organizadas, os prazos cumpridos e os custos controlados. Ainda assim, se essas ações não trouxerem retorno real para o negócio, trata-se de uma operação eficiente, porém ineficaz. A eficiência responde à pergunta sobre como estamos fazendo, enquanto a eficácia questiona se estamos fazendo o que realmente importa.
Na prática, o risco mais comum é o da operação eficiente que não gera resultado. É fácil se encantar com números que parecem altos, como alcance, visualizações ou curtidas. No entanto, se esses indicadores não se conectam a oportunidades reais de negócio, tratam-se de métricas de vaidade. O marketing jurídico deve ser avaliado não apenas pela estética das campanhas ou pela frequência de publicações, mas pela sua capacidade de contribuir para os objetivos maiores do escritório, como a conquista de novos negócios, o reforço da autoridade dos sócios ou a fidelização de clientes estratégicos.
Isso não significa que a eficiência deva ser negligenciada. Uma estrutura de marketing que não opera de forma organizada, que não mensura resultados ou que depende de esforços pontuais e improvisados, dificilmente sustentará uma estratégia de longo prazo. A eficiência garante que o escritório produza de maneira consistente, com uso inteligente de recursos e com espaço para ajustes e melhorias. Ela é o alicerce que permite que a eficácia aconteça.
Em um mercado jurídico cada vez mais competitivo, a combinação entre eficácia e eficiência deixa de ser um diferencial e passa a ser uma exigência. Escritórios que conseguem alinhar propósito e execução, visão de negócio e excelência operacional, têm mais chances de construir uma presença de marca sólida e de gerar valor real a partir da sua comunicação. Não se trata de fazer mais ou de fazer bonito. Trata-se de fazer o que precisa ser feito, da forma certa e com impacto mensurável. É assim que o marketing jurídico cumpre seu verdadeiro papel estratégico.
Priscilla Adaime é sócia fundadora da Markle Comunicação e Marketing Jurídico.