André Seibel, CEO do Circuito de Compras

A nostalgia como ferramenta de marketing no varejo popular

Consumidores buscam, cada vez mais, reviver emoções e resgatar elementos que marcaram suas histórias

Autor: André Seibel

O consumo deixou de ser apenas uma transação para se tornar uma experiência carregada de significados. No varejo popular, essa transformação se evidencia com a ascensão de produtos e colecionáveis que despertam memórias afetivas. O que antes era visto como um simples hobby ganhou força como fenômeno cultural e estratégia de marketing, conectando gerações e movimentando o mercado de forma expressiva.

A nostalgia se consolidou como um dos principais gatilhos de compra dos últimos anos. Consumidores buscam, cada vez mais, reviver emoções e resgatar elementos que marcaram suas histórias. Esses itens carregam lembranças, experiências e símbolos que vão além da sua função original: dialogam com identidade, pertencimento e o desejo de reconexão com o passado.

Um levantamento da Mission Brasil revela que 92,3% dos consumidores reconhecem a influência dos conteúdos digitais na decisão de compra de produtos com apelo nostálgico, enquanto 62% apontam a tecnologia como fator determinante para esse comportamento. As redes sociais, nesse contexto, desempenham papel central. Plataformas como Tik Tok, Instagram e YouTube não apenas amplificam tendências, mas também moldam preferências e transformam produtos comuns em objetos de desejo.

Outro fator relevante é a democratização do acesso. Shoppings e feiras populares se tornaram catalisadores de tendências globais, oferecendo novidades a um público diverso. São espaços que aproximam consumidores de produtos com apelo emocional, mas com preços acessíveis, tornando a nostalgia uma experiência viável para diferentes perfis de renda. A variedade e a velocidade na atualização dos estoques fortalecem o papel estratégico do varejo popular nesse cenário.

Para as empresas, a oportunidade está em entender que o valor desses itens vai além do preço. A nostalgia permite criar narrativas que conectam passado e presente, construindo experiências capazes de fidelizar e diferenciar marcas em um mercado altamente competitivo.

Mais do que uma tendência passageira, o consumo nostálgico reflete uma mudança de comportamento. Em um mundo marcado por excesso de estímulos, as pessoas buscam objetos, símbolos e histórias que transmitam conforto e resgatem sensações familiares. O varejo popular, ao traduzir tendências globais em experiências acessíveis, tem papel decisivo nesse movimento.

Quando bem trabalhada, a nostalgia deixa de ser apenas uma estratégia para vender mais e passa a ser um recurso poderoso de conexão emocional. Ao criar vínculos com memórias e sentimentos, o varejo amplia seu potencial de engajamento e transforma consumidores ocasionais em verdadeiros fãs.

André Seibel é CEO do Circuito de Compras.

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