O foco deixa de ser a simples adoção de tecnologia e passa a ser a Performance dos Produtos Digitais (PPD)
Autor: Vitor Roma
A transformação digital foi um marco para o futuro dos negócios. Empresas de todos os setores investiram bilhões na digitalização de processos, novas tecnologias e modernização de infraestruturas.
Até pequenos estabelecimentos de bairro já estão digitalizados e possuem presença em plataformas como Ifood, Rappi entre outras, marcando o fim da transformação digital como centro da estratégia. Agora, a verdadeira disputa está em um novo e mais crítico objetivo: a Performance Digital. O foco está em extrair o máximo de eficiência e impacto dos produtos digitais, garantindo que a tecnologia realmente gere valor e resultados concretos para as áreas de negócios, clientes e acionistas.
Hoje, muitas empresas enfrentam um desafio crítico: o fenômeno do “Over-Transformation”, ou sobrecarga digital. Esse fenômeno ocorre quando as organizações se sobrecarregam com ferramentas excessivas, sistemas fragmentados e processos sem integração, prejudicando, assim, o foco na performance. A Harvard Business School destaca que as empresas precisam, urgentemente, equilibrar as tecnologias com o desempenho real que essas soluções podem gerar.
O sucesso do projeto de software empresarial, segundo estudo do Standish Group, continua sendo quase impossível de ser medido. Consequentemente, ilustra-se o descompasso entre a adoção de tecnologia e a eficácia real dessas iniciativas. A transformação digital pode até ter ocorrido, mas o real impacto só será visível se as empresas conseguirem entregar resultados palpáveis. E é aí que entra o conceito de Performance Digital.
Segundo a McKinsey, 92% das empresas globais já passaram por alguma etapa da transformação digital. O mercado já não se impressiona com quem se digitalizou. Em 2023, os gastos globais com TI superaram $4,5 trilhões. 80% desse investimento foi utilizado para otimização da performance, segundo dados da Gartner. Houve mudança no foco: não basta mais ser digitalizado; é preciso ser eficiente e gerar resultados concretos a partir disso.
Em uma pesquisa realizada pelo Boston Consulting Group, 70% dos entrevistados afirmaram que suas iniciativas de Transformação Digital ainda não atingem seus objetivos, frequentemente com consequências profundas. Em contrapartida, as empresas que investiram em competitividade, melhorias de produtividade e melhores experiências para o cliente superaram seus pares ao alcançar um crescimento de ganhos 1,8 vezes maior.
Vivemos, hoje em dia, uma fase de ruptura. O foco deixa de ser a simples adoção de tecnologia e passa a ser a Performance dos Produtos Digitais (PPD). Isto envolve uma execução refinada, equilibrando as dimensões de custo, risco e time to market; com foco no único índice que desconta todas as interferências: a experiência do usuário. Empresas que não estiverem alinhadas com essa nova forma de lidar com tecnologia, estarão vulneráveis e devem perder terreno diante de concorrentes mais ágeis e bem-posicionados.
O papel da TI não é mais apenas implementar sistemas, mas, sim, trabalhar de forma integrada com as áreas de negócio para criar produtos digitais que entreguem valor real. A inteligência artificial, por exemplo, não deve ser adotada apenas porque é uma tendência, mas porque pode melhorar a tomada de decisão, otimizar processos e oferecer uma experiência mais personalizada ao cliente.
O mesmo vale para big data, IoT e computação em nuvem: seu uso deve ser guiado por resultados e não por modismos tecnológicos. O fim da transformação digital, como a conhecemos, não significa o fim da inovação. Pelo contrário, marca o início de uma fase mais madura e eficiente, na qual as empresas deixarão de lado a mera digitalização e passarão a focar na performance real dos produtos digitais. O jogo mudou. Não basta digitalizar, é preciso performar. Empresas que entenderem essa mudança e colocarem a performance de seus produtos digitais no centro de sua estratégia não apenas sobreviverão, mas irão liderar a nova era digital.
A evolução do mercado é implacável, e a capacidade de adaptação é crucial para a sobrevivência. A transformação digital não é mais o objetivo final, mas sim a base para alcançar performance. Ao focarmos na performance digital, garantimos que nossas ações gerem resultados reais, entreguem valor contínuo aos usuários e, principalmente, impulsionem a competitividade no mercado. O futuro é de quem performa. Bem-vindos à nova era da Performance Digital.
Vitor Roma é CEO da Keeggo.