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Darwinismo negocial. E outras novidades do CONAREC 2016

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Denise Lee Yohn foi a principal palestrante do painel que abriu o evento

Esta semana, estive no CONAREC 2016, realizado no Hotel Transamérica, zona sul de São Paulo. Impressionante o alto nível do evento. A qualidade das palestras e painéis. E a quantidade de profissionais presentes. De parabéns, os organizadores. Separei três momentos.

“Darwinismo se aplica aos negócios. Evolua ou morra”, alerta Denise Lee Yohn
No primeiro painel do evento, Denise Lee Yohn, autora do best-seller “O que Grandes Marcas Fazem: Os Sete Princípios da Construção de Marca que Separam o Melhor do Resto” (Jossey-Bass) e fonte requisitada de meios de comunicação como “Harvard Business Review”, “Forbes”, Wall Street Journal, entre outros, ministrou a palestra “Como os consumidores estão mudando a paisagem dos negócios no mundo inteiro (e como essa mudança afeta o Brasil?”. Ela citou o caso do cliente americano Robbie, que acampou em frente a loja da Apple, em 2011, para comprar o iPhone da época – e, assim, como ele, outras 3,5 mil pessoas fizeram o mesmo. A Apple se transformou em uma marca adorada, assim como a Shake Shack, uma famosa cadeia ianque de hambúrguer. “Por lá, as filas no atendimento começam às 10h da manhã”. E fila também virou sinônimo de compra na Tesla, a montadora do carro elétrico. Mas ressalvou a dificuldades em nosso país. “Hoje, no Brasil, não existe um ambiente favorável para a existência de uma marca estrela. Hoje, há um panorama político turbulento, um real desvalorizado, entre outros motivos. Eu sei que situação é difícil, mas o momento de mudar é agora”, firma Denise. E citou os exemplos da Ford (que superou a Toyota como montadora mais lucrativa), da Starbucks e outras empresas que, na crise que se abateu nos EUA a alguns anos, apostaram em inovação orientada ao cliente. “Elas não esperaram a recessão acabar para voltar a crescer. Nesse momento, é preciso repensar a empresa, os clientes e suas limitações”, afirma a especialista.

Como a Internet das Coisas coloca o consumidor na frente do produto
“A Internet das Coisas é o que está fazendo a tecnologia sair da cadeia produtiva e chegar ao dia a dia das pessoas. É uma junção de produtos, sensores e plataformas de comunicação que gera a capacidade de se criar novos serviços para o consumidor final, e isso já começa a ser testado e experimentado”, diz Alex Rocco, diretor de marketing da SKY. Rocco participou, ao lado da diretora de tecnologia da informação da Whirlpool na América Latina, Renata Marques, de uma mesa de debates que discutiu os impactos da IoT e M2M (“machine to machine”) para os negócios, durante o primeiro dia da Conarec 2016. O debate foi mediado por Eduardo Peixoto, CBO do CESAR, Centro de Estudos Avançados de Recife, voltado para incubação e desenvolvimento de novas tecnologias. Renata citou diversos exemplos de dentro da Whirlpool que já colocam em prática, hoje, o potencial da IoT. “Já há quem fale em ‘internet de tudo’, não só das coisas”, disse ela. “As máquinas estão mandando informações umas para as outras e nos avisando do que acontece em tempo real”. No Estados Unidos, contou, a companhia, dona das marcas Brastemp e Consul, já possui eletrônicos que, por meio de conexão a um hub central de informações no domicílio, detectam quais são os horários de menor consumo de energia para decidir quando o aparelho deve estar ligado e funcionando, o que gera descontos na conta de luz. Para Peixoto, do CESAR, mais do que mexer apenas na comodidade e agilidade ao consumidor, a IoT mexe diretamente no modelo atual de negócios da indústria e a obriga urgentemente a se reinventar. “A indústria está saindo de um modelo de produto para um modelo de serviços, e não porque é uma tendência, mas porque é uma necessidade”, disse. “A Internet das Coisas torna os produtos mais eficientes. Ela permite o compartilhamento, como já faz o Uber, que nada mais é do que um carro monitorado se colocando à disposição de outros quando está ocioso. Com mais eficiência, a produção deve cair, e por isso as empresas devem começar a agregar serviços e multifuncionalidades aos produtos que já possuem”.

Por que não queremos mais carros
Símbolo máximo de sucesso e liberdade no século 20, o automóvel cada vez mais perde espaço no interesse dos jovens e das pessoas em geral. De um lado, o desejo por bens materiais perde espaço para vivências e experiências na lista de prioridades. De outro, uma revolução tecnológica reformula esta indústria a partir da forma como a conhecemos, com conceitos como o carro autônomo, que dispensa o motorista, ou o compartilhamento, conforme o formato promovido pelo Uber ou por aplicativos de carona. “No passado possuir um automóvel era uma coisa essencial, era sinônimo de liberdade e de conquista para qualquer jovem, mas esse interesse hoje é cada vez menor”, diz Rodrigo Borer, presidente do portal especializado Webmotors. “O futuro do automóvel será completamente diferente, as vendas talvez sejam menores, e as fabricantes têm que repensar o seu modelo de negócio”. Borer foi o mediador de um painel desta quarta feira no Conarec 2016 que reuniu representantes da indústria automobilística para discutir os impactos destas mudanças. Em uma pesquisa feita pela Webmotors, 13% dos entrevistados afirmaram que não pretendem ter um veículo próprio no futuro. Apenas 9% disse já ter utilizado algum aplicativo de compartilhamento de viagem, como o Uber, mas 68% disse que tem interesse em usá-los. Além disso, embora o carro autônomo pareça uma realidade ainda distante – 57% acha que o produto demorará mais de dez anos para chegar no Brasil -, 46% dos entrevistados afirmaram não só que teriam interesse em ter um destes, como também muitos deles estariam dispostos a pagar mais por isso. “Os consumidores de hoje estão mais focados em adquirir coisas que agregam algum valor a ele do que em adquirir uma coisa que qualquer outra pessoa pode ter igual”, disse o diretor de marketing da Hyundai Motor no Brasil, Cassio Pagliarini. Uma pesquisa feita recentemente pela montadora junto a jovens de 20 a 25 anos revelou que a primeira prioridades deste grupo, hoje, é possuir uma formação no exterior, seguida do desejo de viver fora. “O automóvel não está mais entre essas prioridades. Estamos falando de valores que você traz para dentro de si, e não de coisas das quais tem a posse”, acrescentou. Outra pesquisa, feita pela marca sueca Volvo, descobriu que 40% dos jovens de até 21 anos na Europa não têm carteira de motorista e não têm a pretensão de tirá-la. “Os meus clientes daqui a 20 anos terão sido conectados desde sempre. Vocês já tentaram tirar um tablet de uma crianca de cinco anos? O mundo dela acaba”, brincou o diretore de assuntos governamentais e pós-venda da Volvo Car no Brasil, Jorge Mussi Filho. “Imagine essa pessoa dirigindo por 40 minutos, presa no trânsito, sem poder compartilhar informação. Se tiver um carro, o mínimo que ela vai querer é que alguém dirija por ela. São 40 minutos em que podemos estar fazendo dezenas de outras coisas e ficam perdidos ali.”

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