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Fred Andrade, CEO e cofundador da Indigo Hive

A inteligência artificial não veio para destruir, mas para revolucionar

Como esperado, o mercado desse setor tende a crescer de maneira agressiva e muito rapidamente

Autor: Fred Andrade

Discussões sobre a possibilidade de uma máquina pensante não são algo exatamente recente na história da humanidade. Ainda no século XVIII, o iluminista francês Julien Offray de la Mettrie escreveu o  “O homem-máquina”, obra em que defende que o ser humano é apenas uma máquina biológica programada. 

As primeiras experiências práticas, no entanto, levariam um pouco mais de tempo. Em 1943, Warren McCulloch e Walter Pitts criaram o primeiro modelo computacional para redes neurais. A característica mais interessante era de que se tratava de uma iniciativa baseada em duas abordagens: uma focada em processos biológicos no cérebro, enquanto a outra tinha foco na aplicação de redes neurais à inteligência artificial. Esse conceito fez a dupla criar o esquema do primeiro neurônio artificial.

Nas décadas de 80 e 90, computadores programados com soluções de Inteligência Artificial começaram a ser colocados para desafiar campeões de xadrez e passaram a ser tema recorrente da ficção científica. Na literatura, obras do movimento cyberpunk mostravam IAs procurando transcendência; e no cinema, máquinas sencientes procuravam escravizar a humanidade. “Exterminador do Futuro” e “Matrix” mostravam um futuro sombrio e de pouca esperança.

A realidade, no entanto, era animadora. Em uma era pautada pelas nascentes mídias sociais e por uma economia baseada em dados, a tecnologia da Inteligência Artificial foi se desenvolvendo e passando a ser usada em áreas tão diversas como publicidade, defesa e indústria automotiva. De repente, tornou-se possível analisar em tempo real volumes enormes de informações – e obter insights comerciais valiosos. A publicidade, que antes era de massa, passou a ser direcionada individualmente. 

Áreas como  criptografia, assistentes sociais, cartografia, gestão, segurança, ensino, manufatura e logística são apenas mais alguns dos setores que foram beneficiados por tecnologias de IA. 

Mas a Inteligência Artificial só se tornou assunto em voga e explorado praticamente todos os dias há cerca de dois anos, quando começaram a ser lançadas as soluções de IA  generativa. Acessíveis para o grande público, esses serviços disponibilizados respondem qualquer tipo de pergunta e fazem imagens e vídeos com graus variados de realismo. 

Como esperado, o mercado desse setor tende a crescer agressivamente e muito rapidamente. Se, de acordo com a consultoria MarketsAndMarkets, seu movimento foi de US$ 150,2 bilhões em 2023, espera-se que ele chegue a US$ 1,3 trilhão em 2030. Já a McKinsey Global Institute defende que a inteligência artificial generativa pode agregar até US$ 4,4 trilhões de valor à economia global. Quando se pensa no Brasil, diz a pesquisa da IDC, o País é o maior consumidor de Inteligência Artificial na América Latina, com 63% das empresas nacionais usando de alguma forma a Inteligência Artificial. E para o Google, os principais setores do mercado de Inteligência Artificial no Brasil hoje são AIaaS (Inteligência Artificial Como Serviço), Analytics e as áreas da Saúde e Tecnologia.

Esse cenário mostra que a IA é a grande coqueluche tecnológica do momento. E aqui surgem dois pontos de atenção. Em razão da enorme e recente popularidade que a Inteligência Artificial alcançou, empresas de todos os tipos, portes e setores começam a nutrir certa ansiedade para começar a utilizá-la. Com efeito, a IA pode revolucionar processos corporativos e relações de trabalho, e otimizar o retorno sobre um investimento com uma eficiência que era praticamente impossível até alguns anos atrás. Mas ela não é nenhum tipo de tecnologia “plug and play”, e sua instalação requer cuidados e atenção. E é justamente o que se verifica no mercado brasileiro e em outros países. Na ânsia de sair na frente da concorrência, as corporações adquirem soluções do tipo sem terem uma ideia clara de como ela poderá ajudar.

Qual é a solução para esse cenário? A resposta é muito simples: autoconhecimento. Uma empresa deve, em primeiro lugar, analisar criticamente todos seus processos, relações de trabalho e setores. E só então estará apta a extrair o melhor proveito possível de uma solução ou conjunto de soluções de IA.

O segundo ponto de atenção é a emergência do medo generalizado de que a Inteligência Artificial irá destruir a maioria dos empregos e causar pobreza. Aqui é importante entender que a Inteligência Artificial não é uma tecnologia isolada. Ela é parte da 4° Revolução Industrial, caracterizada pelas possibilidades de produção descentralizada. Trata-se da adoção gradual de um conjunto de tecnologias emergentes de TI e automação industrial, baseados na digitalização de informações e comunicação direta entre sistemas, máquinas, produtos e pessoas. E como nas Revoluções Industriais anteriores, a atual irá extinguir empregos e processos de trabalho, mas irá criar outros. 

Os números e previsões do mercado revelam claramente que o mercado de Inteligência Artificial irá crescer enormemente na próxima década. E ele irá provavelmente alcançar áreas que ainda sequer imaginamos, com novas e surpreendentes aplicações. É uma tecnologia que irá revolucionar atividades econômicas, processos corporativos e relações de trabalho. Mas para que seja eficaz, esse uso deve ser acompanhado de uma análise crítica e bem planejada.

Fred Andrade é CEO e cofundador da Indigo Hive.

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