Resiliência
re·si·li·ên·ci·a
s.f.
1. FIS Elasticidade
que faz com que certos corpos deformados voltem à sua forma original.
2 FIG Capacidade
de rápida adaptação ou recuperação.
Enquanto escrevo estas linhas, não paro de pensar na COVID e
em seus desdobramentos nefastos, vírus que há mais ou menos 100 dias resolveu fazer
check-in no Brasil e parece que gostou do acolhimento, porque só dá ela. A
qualquer hora que procuro um jornal na TV, só vejo números que não descem, vacina que não fica
pronta, morte dando as cartas fatais, famílias em luto e as políticas, que não
existem ou que não são claras o suficiente para convencer as pessoas a fazer o
que precisa ser feito. Enfim, COVID é a
persona non grata mais presente que eu já vi na história. E ela é dura na
queda.
E no ambiente político, fica cada vez mais difícil acompanhar os acontecimentos, ou porque
a trama passa rápido demais, dá até impressão de que perdemos o episódio, ou
talvez a série tenha sido cancelada – os personagens aparecem e desaparecem do
nada – e a gente fica com aquela sensação de que perdeu o controle. Muito frustrante.
Não dá saber qual vai ser a próxima “tragédia” e isto é angustiante. E ainda temos histórias que mais parecem saídas das pragas
do Egito ou que indicam o início do fim do mundo. É preciso ser resiliente,
muito resiliente, porque o momento não é
para os fracos. E nem para os fortes, eu acho. É um desânimo geral.
Primeiro, uma nuvem de gafanhotos resolve buscar comida fora do seu habitat.
Isto mesmo, uma população inteira de insetos resolveu migrar atrás de alimentos,
parece que nasceram em quantidade
inesperada, saiu do controle. Aparentemente o manejo incorreto de inseticidas e
agrotóxicos acabou matando os insetos que poderiam controlar o crescimento desta
“praga”, que viaja 150 km por dia e assusta autoridades e produtores argentinos, paraguaios, bolivianos
e agora, o Brasil. Tem a ver com ver com o vento, temperatura, condições
climáticas e claro, onde houver alimento, eles ali estarão. Seria erro humano? Os
gafanhotos dominam a cena. Que medo!
Anteontem, um tremor
de magnitude de 7.5 atingiu o estado de Oaxaca no México, deixando alguns
mortos e feridos. A cidade ainda tem na lembrança os terremotos de 2017, que mataram mais de 300 pessoas. O problema
são as réplicas, pequenos abalos sísmicos que continuam assustando a população,
que espera pelo pior. Ao longo do dia, foram detectados mais de 400 tremores na
região. É muita tragédia.
E se não bastassem a batalha contra o COVID, as reviravoltas
políticas e econômicas no Brasil, o desemprego, a preocupação com a família, a
nuvem de gafanhotos que está a caminho de algum lugar e o tremor no México,
ainda temos uma “nuvem de poeira Godzilla”, uma densa nuvem de areia que se
desloca do deserto africano para as Américas. O fenômeno é comum, acontece
várias vezes ao ano, mas desta vez parece que está mais complicado.
Este ano não terminou, mas bem que poderia ser reinicializado.
Com certeza, 2020 não precisará de retrospectiva, porque não queremos sofrer duas vezes. As
pessoas têm um limite para o dor, ansiedade, medo, angústia. O brasileiro é um
batalhador, está acostumado a gerenciar várias crises ao mesmo tempo, mas como
estas, não lembro de ter visto em muitos anos. Estamos em junho e eu queria
tanto que já fosse Natal, mas não por live.
Queria um Natal com abraços apertados, rostos felizes, saúde, muita comida, música,
alegria, esperança e aglomeração.
Sem os riscos, só risos. Simples assim! Será que é querer muito?
Gladis Costa