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Brasil, ainda machista?

A aproximação do Dia Internacional da Mulher costuma despertar um espírito mais feminista e criar algumas discussões em torno do que é correto ou não no comportamento e nas relações entre homens e mulheres. Diante disso, a empresa de pesquisa e inteligência de mercado Expertise realizou um estudo sobre o tema. De acordo com o levantamento, feito durante o mês de fevereiro, 75% dos brasileiros percebem a nossa sociedade como machista. Entre as mulheres esse percentual é um pouco maior – 82%, contra 69% entre os homens. É interessante observar que quando solicitados a fazer uma auto avaliação, apenas 1/3 dos homens admitiu ser machista ou um pouco machista. A pesquisa revela, ainda, que 96% das pessoas acreditam na existência de diferenças entre homens e mulheres no país.
O estudo também mostra que, em alguns aspectos, já é possível vislumbrar sinais de igualdade entre os gêneros. Por exemplo, 4 em cada 5 brasileiros não veem problema em a mulher ganhar mais que o homem. “Os números mostram que o feminismo tem boa aceitação no Brasil, o que contribui para avançarmos no sentido de promover a igualdade entre homem e mulher”, avalia Rodrigo Cicutti, diretor de operações da Expertise. O executivo conta também que, quando a discussão passou para a questão comportamental, as respostas se tornaram ainda mais interessantes e até contraditórias. Mesmo com o reconhecimento da legitimidade do movimento feminista pela grande maioria das pessoas, 1 em cada 5 entrevistados considera inaceitável que uma mulher use roupas justas e decotadas.
Chegamos, então, ao ponto da pesquisa que trata a respeito da vida financeira dos casais. A mulher ganhar mais que o marido é aceitável por 81% dos entrevistados, sem diferença de percepção entre os gêneros, e 8 em cada 10 participantes acham justo que a conta do bar ou do restaurante seja partilhada, 22%, no entanto, acreditam que o homem deve bancar a despesa. Pagar a conta do motel, por sua vez, é considerada uma responsabilidade do homem. Enquanto 56% dos entrevistados acham que a despesa deve ser divida entre o casal, 44% acreditam que o homem é quem deve pagar. A opinião se torna ainda mais incisiva entre as mulheres: 50% acham que o homem deve ser o responsável por pagar a conta, opinião que é compartilhada por 38% dos homens. Já as despesas com a festa de casamento levam os respondentes a um acordo. A maioria entende que elas devem ser divididas entre o casal.
A percepção de responsabilidade mútua é ainda maior quando o tema é o cuidado com os filhos, assim como a divisão das tarefas domésticas. Por falar em crianças, a maioria dos brasileiros se posiciona a favor da guarda compartilhada dos filhos, especialmente em caso de igualdade nas condições financeiras dos pais. Em outras situações, 1 em cada 5 ponderam que os filhos devem ficar sob a responsabilidade de quem apresentar a melhor conjuntura para a criação das crianças.
Por fim, os entrevistados foram questionados quanto à presença de mulheres em profissões dominadas por homens. As pessoas mostraram-se indiferentes ao fato de uma mulher ser instrutora de autoescola, por exemplo. Apesar disso, 17% das pessoas admitiram que estranhariam, em um primeiro momento, caso se deparassem com uma mulher motorista de táxi. A maioria, no entanto, se posicionou como indiferente ou descreveu a situação como legal. Mulher no comando do avião também foi percebido como algo normal entre os entrevistados, 21% estranhariam inicialmente, mas alegam que não seria um problema.
Para Cicutti, o grande aprendizado dessa pesquisa é confirmar as mudanças na nossa sociedade. Em alguns aspectos, a diferença dos gêneros começa a desaparecer na medida em que as atividades tradicionalmente percebidas como masculinas já não causam estranhamento ao serem desempenhadas por mulheres e vice-versa. “É claro que ainda há muito por se fazer, mas os avanços já são visíveis”, declara.

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