Conquistar um ambiente de trabalho em que mulheres tenham as mesmas oportunidades de crescimento profissional que os homens, é uma das questões discutidas quando se fala de “empoderamento feminino”. Quanto mais elevado o nível hierárquico, menor é a participação feminina, muito embora pesquisas recentes do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apontem que o nível de escolaridade feminino já ultrapassa o dos homens. “As posições hierárquicas mais elevadas, como os cargos de gerência e direção, demandam competências que independem de gênero. Assim como a remuneração, também, não deveria depender de gênero, mas de resultados”, comenta Viviane Narducci, diretora da Narducci Consulting, PHD e Mestre em Administração de Empresas pela Escola de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (EBAPE -FGV).
Segundo estudo realizado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), no que diz respeito ao gênero, os homens ocupam 68,7% dos cargos gerenciais, comparados com 31,3% das mulheres. Em outras funções executivas a diferença ainda é maior, os homens estão presentes em 86,4% e as mulheres em 13,6% em posições de direção e presidência. Já nos conselhos administrativos, a diferença ainda é mais gritante, 89% de participação masculina, em relação aos 11% de participação feminina. Mesmo com algumas empresas apresentando políticas de diversidade, apenas 11% possuem algum tipo de programa de ampliação da participação das mulheres em cargos executivos.
O discurso das organizações traz a meritocracia como um grande avanço na gestão de pessoas, entretanto, isso ainda não está traduzido nas políticas de promoções. “Estamos na ´Era da Transparência´, na qual a coerência, entre discursos e práticas, é fundamental para garantir a sustentabilidade das empresas e por isso, vale refletir sobre a realidade que queremos construir para todas nós”, afirma a executiva.
Para Viviane, é preciso enxergar com naturalidade as mulheres em posições de lideranças nas grandes organizações do país. Além disso, ela destaca que há vários debates acadêmicos empenhados na classificação das características femininas que podem fazer a diferença como, por exemplo, nos trabalhos em equipe, nas tomadas de decisão ou na administração de conflitos.