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Chefes imaturos e poderosos

Autor: Edilson Menezes
O processo de declínio em todas as áreas é gradativo. Profissionais antes excelentes não se transformam em medianos ou ruins do dia para a noite. Determinada circunstância ou uma cadeia de eventos pode deflagrar a crise interna que culminará no comprometimento da performance.
Um chefe imaturo e seduzido pelo poder pode ser a causa. A hierarquia deveria ser um bem necessário que previsse líderes generosos, dispostos a motivar o melhor ambiente de trabalho para que se alcance resultados extraordinários, mas há quem confunda superioridade de cargo com superioridade de espécie. Isso mesmo. Basta conceder o mínimo poder de decisão a alguém despreparado à luz da maturidade e pronto. Esta pessoa parece ter recebido uma espécie de green card evolutivo que a torna melhor que a equipe. 
Líder não é rei e subordinado não é súdito, mas a imaturidade é o combustível que alimenta esta equivocada compreensão.
No olhar de chefes tiranos e imaturos, está presente um certo prazer sádico na hora de cobrar. Dá-se a bronca com requintes de crueldade e total desrespeito à essência humana. Trata-se o colaborador como se não fizesse parte de um regime trabalhista e sim escravagista. No pior cenário, muitas vezes o empregador que mantém chefes tiranos sabe da presença e da existência e os mantém no cargo em nome da suposta “boa produtividade”. E temporariamente, de fato os tiranos conseguem extrair resultados de suas equipes (leia-se vítimas). Um semestre, entretanto, é suficiente para calcular os efeitos catastróficos do líder tirano: funcionários enfermos a todo instante, alto índice de rotatividade, desmotivação generalizada, clima pesado e os resultados, ontem promissores, hoje se transformam num pesadelo.
Há outro efeito indireto e também muito alarmante. Enquanto os chefes tiranos e imaturos seguem atuando, profissionais justos e produtivos são perseguidos e um a um, demitidos, pois representam a ameaça real de acabar com seu reinado perseguidor. 
O risco de manter no cargo alguém que é nocivo à estrutura organizacional é incalculável. Um líder tirano seduzido pelo poder é mais letal que a falta de planejamento. Cabe ao empresariado as seguintes ações de preservação:
– Criar a política de cargos e salários que beneficie os justos e não os oportunistas. Diferenciar estes perfis é muito simples. Os justos são produtivos de maneira contínua e os oportunistas aproveitam uma chance, doa a quem doer, para mostrar que merecem determinado cargo e promoção.
– Fomentar a competitividade saudável entre semelhantes, prática positiva a todos os setores e em simultaneidade, retirar do seio da empresa a nociva mania de fazer as pessoas se atacarem. O chefe que diz – “Carlos, me desculpe falar a verdade, mas funcionário de verdade é o Pedro. Faz tempo que você não dá resultado como ele” – deve estar com os dias contados.
– Treinar os colaboradores e posso sugerir uma frequência regular de treinamento que funciona muito bem: sempre que a empresa desejar o sucesso. Se a resposta é “todo dia”, então a régua é a mesma para educar colaboradores. Dois exemplos simples e não onerosos de treinamento diário: toda a equipe pode se reunir e assistir a um vídeo antes de começar o expediente e melhor ainda será fechar o dia com uma reunião de 5 minutos para dar feedback positivo à equipe. Para complementar, treinadores de outras áreas devem ser trazidos. Afinal, em dado momento, a voz o dono, dos sócios ou gestores deixa de ser ouvida.
– Por último e mais relevante, o empresário deve estar atento ao que os olhos dizem. No olhar de líderes servidores, observa-se a dor de dar uma bronca e a alegria desapegada de mérito ao celebrar uma conquista. Não significa que servidores sejam santinhos. Nada disso. Há neles uma compreensão mais apurada acerca da estrutura de seus semelhantes. De outra forma, eu lhe desafio a fixar bem os olhos no olhar de um chefe tirano. Duvido que encontre benevolência, amor e respeito. Tenho certeza que verá arrogância e desejo de poder. Cada um se alimenta do que tem e pode, mas o desafio do meio empresarial é duplo:
1. Não dar ainda mais alimento para quem já se alimenta de arrogância e poder;
2. Alimentar quem trabalha por amor, faz o bem e respeita tanto os semelhantes como a empresa.
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes – [email protected]

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