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Crise, ambiente favorável ao assédio moral

Autora: Susana Falchi
Mesmo quando o país crescia, a busca crescente por resultados financeiros, ganhos de produtividade, enxugamento de mão de obra e o consequente acúmulo de funções, entre outros fatores, já serviam para aumentar as tensões no ambiente profissional. Agora, com a crise e o medo do desemprego, as pessoas tendem a se sujeitarem ainda mais a quaisquer situações degradantes em seus trabalhos, o que faz com que o assédio moral, já muito comum, seja praticado com frequência ainda maior.
Caracterizado pela frequente prática de ações como ignorar um funcionário, maltratá-lo, desprezá-lo, retirar-lhe responsabilidades e atribuir-lhe tarefas e metas infactíveis, o assédio moral acaba por comprometer a performance profissional de uma pessoa e, muitas vezes, sua saúde mental e física.
Na maior parte dos casos, essa prática ocorre de forma vertical, ou seja: parte de um superior a um subordinado. Há também o bullying de caráter horizontal, caso do chamado mobbing. Ocorre quando um grupo passa a praticar assédio psicológico contra um colega de mesmo nível hierárquico, por exemplo, por meio de críticas e comentários, disseminação de rumores ou ridicularização. Por vezes, esse comportamento parte de pessoas que buscam, de formas pouco profissionais, agradar a superiores, repetindo, quando possível, seus atos.
Entre as consequências que a vítima de assédio moral pode enfrentar estão episódios depressivos, transtorno de estresse pós-traumático, neurastenia, neurose profissional, síndrome de esgotamento profissional, entre outros. Há ainda a chamada Síndrome de Burnot. Causado pelo estresse profissional, o mal acomete muito os chamados “workaholics”. Porém, suas causas estão intimamente ligadas a uma percepção de desvalorização profissional, característica marcante da exposição ao assédio moral.
O número de doenças psíquicas catalogadas que têm algum vínculo com o trabalho e as diferentes modalidades de assédio moral identificadas mostram o quanto o quadro é comum e preocupante. Os prejuízos não se restringem aos profissionais expostos a essas práticas, mas também aos CEOs, sócios e donos de uma empresa, que podem ter diversos tipos de prejuízos, desde danos à reputação de sua empresa a perdas financeiras, já que a Justiça do Trabalho têm aumentado o rigor na punição a essa prática.
Ainda assim, a maioria das empresas não toma providências para combater o assédio moral. Isso se vê, por exemplo, nos líderes que recrutam. Um levantamento realizado pela HSD Consultoria em RH a partir de 5 mil avaliações realizadas com executivos detectou desvios de conduta em 20% dos pesquisados. Outro dado revelador aponta que 90% dos desligamentos de profissionais com cargos de chefia e gerência devem-se a comportamento e não a conhecimento ou desempenho. Desses, mapeados para identificação de potencial, 100% apresentavam desvios de conduta. Não é difícil imaginar a forma como exercem sua liderança.
Empresários priorizam as atividades-fim de suas empresas e os seus resultados. Dessa forma, poucos pensam na qualificação da sua equipe de liderança e profissionais de RH. Esse é um aspecto que deveria estar no centro do papel de liderança, pois o respeito ao indivíduo dentro do ambiente organizacional pode levá-los ao engajamento na estratégia empresarial, o que resulta em melhores resultados e eficiência empresarial o que, em um momento de crise, pode fazer toda a diferença.
Susana Falchi é CEO da HSD Consultoria em Recursos Humanos.

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