Devemos comemorar?



Autora: Christine Vlcek

 

Amanhã, dia 4 de julho comemora-se o Dia do Operador de Telemarketing. Mas será que temos o que comemorar? A profissão, ainda mal vista por diversas áreas e muitos clientes que dizem ter um atendimento ruim, ganhou impulso no Brasil na década de oitenta com a venda, via telefone, de produtos variados. Na época, bancos foram os primeiros a estabelecer esse canal de comunicação com os lientes. Mas atualmente o setor ganhou força e o telesserviço é amplamente utilizado por empresas de todos os segmentos da economia como ferramenta de marketing.

 

Hoje em dia, a área é uma das que mais empregam profissionais no país (mais de um milhão de pessoas) o que favorece o crescimento de empresas especializadas na fabricação e revenda de equipamentos para callcenters, prestadoras de serviços de terceirização de telemarketing e de consultorias. Ou seja, podemos perceber que temos sim o que comemorar.

 

Notamos também que colaboradores de várias idades têm sido atraídos pela alta empregabilidade que o mercado de telesserviços tem a oferecer. Jovens que buscam a primeira oportunidade no mercado de trabalho, senhoras que nunca trabalharam e querem arriscar novos desafios, trabalhadores com diversas experiências, na grande maioria sem formação superior, buscam uma ocasião de aprimoramento profissional e flexibilidade de horário que a função oferece (6 horas diárias). Por isso, este mercado, que vem crescendo significativamente e colaborando com o primeiro emprego, é também nossa “classe operária”.

 

Podemos fazer uma comparação com a década de 60 e 70, onde as montadoras e outras indústrias que surgiram, precisavam dos torneiros mecânicos e não haviam profissionais qualificados. Agora, estamos vivendo o mesmo momento em proporções centenas de vezes maiores. A diferença é que o Senai preparou cursos para capacitar a mão de obra, que hoje já não pertence à classe operária de salários mínimos. Em média um torneiro mecânico em indústrias automobilísticas tem um ganho variado entre 2 e 3,5 mil reais dependendo do tempo de casa. O atendente de telemarketing ou teleoperador, não encontra um curso adequado de formação e capacitação em atendimento ao cliente. Não existe investimentos para esta classe de operários, cujo setor estima um crescimento anual de 12% de 2009 a 2012. Mensalmente são estimadas cerca de 200 mil novas vagas.

 

Hoje, se avaliarmos bem, tudo é serviço de atendimento por telefone. Ganhamos distâncias, contratos e clientes. Imagine o progresso que nosso país pode ter determinando uma base digna de salário para este profissional e passar a olhar como uma forte e significativa classe operária com inúmeras possibilidades de carreira. Este profissional, que tem muitos investimentos em treinamento de produtos, serviços e até aulas de português oferecidos pelas empresas que querem qualificar o profissional, tem um foco exclusivo e imediatista em cumprir números internos.

 

Muitos desconhecem que para cada 16 teleoperadores, é necessário um supervisor. Ou seja, em menos de um ano, com dedicação e um plano de carreira claro, o profissional que entrou para o setor, seja como primeiro emprego, com ou sem experiência, ganhando R$ 495 poderá triplicar seu salário, assumindo uma das posições de supervisão, que equivale a 20% dos profissionais no setor. Imaginem o giro financeiro, o aumento no PIB e da qualidade de vida que pode ser gerada em nossa economia.

 

A Comportamento e Atitude percebeu que a grande maioria dos trabalhadores são atraídos para este seguimento porque “precisam” de emprego, poucos são os que se empenham comprometidamente, pois é uma função que é para ser xingado. Por isso, é preciso dignificar esta profissão e o profissional mostrando as inúmeras possibilidades que existem para o trabalhador que quer olhar para este mercado como uma oportunidade de carreira.

 

Christine Vlcek é sócia e diretora de novos negócios da Comportamento e Atitude.

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