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Diga não a violência: comunique-se melhor


Em novembro passado, todos nós ficamos chocados com a chamada nos noticiários “marido seqüestra ônibus para discutir com mulher”. Desesperado, um homem de 35 anos invadiu um ônibus da linha 499, na cidade do Rio de Janeiro, armado e puxando a mulher pelos cabelos. Durante dez horas e vinte e cinco minutos, 54 pessoas foram feitas reféns. O motivo? Ele queria discutir e compreender as razões pelas quais sua companheira o abandonou.

Essa foi apenas uma das inúmeras cenas que nos chegam noticiadas pela mídia e que refletem a dificuldade de comunicação cotidiana. Será que situações como estas poderiam ser resolvidas com uma boa conversa, sem colocar em risco a vida de outras pessoas? Será que o ser humano, destacaria aqui nossos jovens, é capaz de se comunicar bem a ponto de evitar conflitos?

A violência urbana pode estar intimamente relacionada às dificuldades de expressar-se oralmente, questão essa que vem preocupando os cientistas da área da comunicação. Estudos internacionais sobre distúrbios de comunicação em jovens delinqüentes mostram que muitas das crianças em centros de reintegração têm poucas habilidades de comunicação, seja para falar ou para escrever, fazendo com que as mesmas precisem usar a força para se defender.

Por faltar-lhes as palavras, seus atos, movimentos e gestos são o meio possível de expressar seus anseios, muitas vezes com agressividade, substituindo a expressão oral das idéias pela força física.

No Brasil, não temos um levantamento sobre a incidência de distúrbios da comunicação em jovens infratores, mas já sabemos que tais dificuldades provocam maior evasão escolar.

Se não temos dados objetivos nacionais, podemos refletir partindo de outro ângulo. Ao olharmos com atenção para a nossa rotina familiar e profissional, percebemos os benefícios que as pessoas com boa habilidade de comunicação têm em relação às outras. No caso do telemarketing, por exemplo, se conseguimos manter uma comunicação clara, prestativa e compreensiva, provavelmente o cliente, outrora irritado, se acalmará e aceitará as instruções dadas. O mesmo acontece em nossos relacionamentos pessoais, cujas desavenças sempre podem ser resolvidas com palavras de carinho e atenção; gritos e ofensas demonstram desequilíbrio e fraqueza.

Nossa comunicação não é importante apenas para expressar o que sentimos ou somos, mas é também nosso melhor instrumento de defesa e o melhor recurso de união entre as pessoas.

Assim como outros conhecimentos, a habilidade de comunicação pode ser desenvolvida e aprimorada. A formação educacional de base é o primeiro passo para nossos futuros comunicadores, não importando a idade, a formação ou a profissão. A boa notícia é que podemos desenvolver as nossas habilidades de fala, leitura e escrita, em qualquer tempo, nos tornando bons comunicadores, contribuindo para o entendimento social.

Ana Elisa Moreira Ferreira é fonoaudióloga e diretora-proprietária da Univoz.
Miriam Moraes é fonoaudióloga da Univoz.

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