Autor: Carlos Eduardo Dalto
Energia, velocidade e praticidade. E ainda desapego, liberdade e ousadia. Atributos amados (e odiados) por líderes e gestores da geração Y. Até bem pouco tempo, nossas equipes eram motivadas pelo tilintar da chave de um carro novo, viagens internacionais, bônus ou por um plano de carreira bem estruturado.
O mundo mudou. As pessoas mudaram. E, quando falamos dessa nova geração de profissionais que ronda as empresas, as práticas corporativas de ontem já não trazem os mesmos resultados. Os benefícios, que antes retinham talentos, não surtem os mesmos efeitos. Mas por quê? E possível segurar esses profissionais por mais tempo em nossas empresas?
Um novo olhar sobre motivação
O modelo mental das novas gerações é diferente daquele da maioria de seus gestores. Os valores, crenças e desejos são outros. A concepção de dinheiro mudou. O batidão de “acorda, come e trabalha” não se encaixa na mente desses novos profissionais. Eles buscam algo mais. Uma identificação entre seus valores e crenças e a cultura das empresas em que vão trabalhar. Quando alinhados, haverá sentimento de pertencimento, engajamento e, como consequência, tenderão a permanecer mais tempo sem mudar de trabalho.
Como isso é possível?
Destaco algumas práticas bem-sucedidas no mercado para engajamento e retenção de talentos da Geração Y:
1. Desenvolva comunidades de aprendizado, já defendidos por Peter Senge na década de 90. Os jovens buscam um ambiente de crescimento e aprendizado, com possibilidades de intercâmbio de informações e oportunidades para compartilhar suas conquistas.
2. Promova a diversidade no ambiente. Valorizar a diversidade provoca dinamismo. Jovens gostam de aprender com pessoas diferentes, novas culturas e formas de enxergar o mundo. Você traz para sua equipe a riqueza que muitos buscam em intercâmbios e viagens internacionais. O maior beneficiário será sua empresa, que “lucra” no portfólio de ideias, na inovação e em novas formas de se relacionar com clientes e mercado.
3. Valorize a gestão contributiva. Mais que participar de atividades e processos, novos profissionais desejam ser parceiros e se identificar com o negócio. Sentem-se estimulados quando podem contribuir e ver seus esforços reconhecidos no todo.
4. Construa uma organização sustentável. Recente pesquisa do Reputation Institute revelou que 47% dos jovens estão propensos a mudar para empresas com boa reputação.
5. Revalorize a cultura. A cultura valorizada pela Geração Y não é aquela que oferece o sacrifício integral ao trabalho. Jovens profissionais buscam compatibilizar oportunidades com integração entre seus colegas e líderes, e com qualidade de vida.
6. Afine suas práticas com seu discurso. Não há nada mais desmotivador para essa nova geração do que inconsistência entre o que se prega (e, muitas vezes, se exige) e o que se faz. Coerência e consistência são fundamentais.
Falar em engajamento e retenção de pessoas é entender que o cérebro humano é insaciável. Segundo neurocientistas, ao atingirmos um alvo desejável, em 10 minutos nossos níveis de dopamina retornam ao estado inicial. Ou seja, aquele bem-estar rapidamente se dissipa. Logo, benefícios tradicionais têm efeito residual muito imediato. As ideias aqui propostas vão ao encontro do que chamamos de habilidades sociais – nossa antiga e primitiva necessidade de “pertencer a um bando”. Com elas, laços emocionais, difíceis de serem desfeitos, são criados. Como defendia Steve Jobs, nas entrevistas de seus programadores: “Você é capaz de se apaixonar pela Apple?”.
Carlos Eduardo Dalto é consultor sênior em liderança, gestão de pessoas e técnicas de comunicação do Instituto MVC.