Já ouviu falar no mundo V.U.C.A?

Autora: Solange Mata Machado
No meio corporativo, o termo V.U.C.A. (Volatividade, Incertezas, Complexidades, Ambiguidade) se difundiu como pensamento estratégico para ajudar empresas a entenderem as forças competitivas globais. Michael Porter, há quatro décadas, afirma que para se obter sucesso nas corporações, é preciso ter uma estratégia para diferenciar a empresa dentro do seu setor, criando vantagem competitiva sustentável para superar os concorrentes. No mundo VUCA os conceitos de setor, concorrência e vantagem competitiva sustentável estão se desmaterializando. Hoje, empresas que estão começando como as startups, podem se tornar as principais concorrentes de grande multinacionais.
Novas descobertas e tecnologias estão mudando como pensamos e interagimos com o mundo e com outras pessoas. O mundo VUCA tem se tornado a base para explicar o ambiente global do século XXI. Com a queda do muro de Berlim em 1989, e o fim da União Soviética em 1991, a polaridade global, até então dividida entre os Estados Unidos e a União Soviética, foi quebrada. O mundo se tornou multipolar com a interação de forças ambientais, políticas e tecnológicas para as quais não existiam modelos capazes de categorizar para entender e buscar alternativas que fizessem sentido.
Século passado era difícil criar negócios promissores sem que houvesse investimentos de capital. Além de exigirem tempo para o desenvolvimento de capacidades sustentadoras do negócio. Desde a última década do século passado este cenário vem mudando rapidamente. A conectividade e a globalização estão impulsionando a tecnologia que, por sua vez, impulsiona novas empresas e novos modelos de negócios. As startups estão borbulhando em todos os lugares. Em 2018, o número de startups no mundo girava em torno de 480 milhões com uma média de 100 milhões de novas empresas surgindo por ano.
Do mesmo modo que as pequenas empresas surgem também desaparecem. Nem todas têm a mesma capacidade de sobrevivência. As estatísticas mostram que, em média, estas empresas morrem ao final do quarto ano. Mapear todos estes pequenos entrantes além de acompanhar o desenvolvimento de novas tecnologias só mesmo com o uso da inteligência artificial. O volume de dados que estão disponíveis e que são necessários para ampliar o entendimento das transformações que estão acontecendo globalmente cresce exponencialmente.
Será que o cérebro humano está preparado para enfrentar os desafios do mundo VUCA? Temos a capacidade cognitiva de absorver e analisar o volume de informações que estão sendo processados? Qual é a reação do nosso cérebro frente às pressões do mundo VUCA?
Diferentemente do que Maslow definiu em 1954, como sendo a fisiologia a base das necessidades humanas, a neurociência, hoje, afirma que a base das nossas necessidades é o relacionamento social. As pesquisas indicam que as reações fisiológicas e neurológicas são direta e profundamente moldadas pela interação social. Isto significa, conforme o pesquisador Mathew Lieberman da UCLA , que o cérebro é um órgão social. Esta constatação traz grandes desafios para as corporações e para os líderes no mundo VUCA, pois, o cérebro vivencia o local de trabalho não como um ambiente econômico, e sim, como um ambiente social.
O ambiente social que era corporativo e setorial passou a ser global. Antigamente, somente as empresas multinacionais tinham desafios globais, hoje, a empresa até pode ser pequena, porém, sua cadeia de valor pode ser global. Com uma rede de parceiros dos mais variados tamanhos e nacionalidades.
Solange Mata Machado é diretora-executiva da Imaginar Solutions.

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