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Líder ou chefe?



Autor: Fernando Borges Vieira

 

Não raras vezes, no mundo corporativo deparamo-nos com profissionais que – até mesmo sem terem orientado conscientemente suas carreiras neste sentido – são alçados a uma condição hierárquica que os obriga a coordenar equipes de trabalho. Neste momento este profissional passa a enfrentar distintos desafios, tais como coordenar seus antigos pares, conquistar a confiança de sua equipe e satisfazer a expectativa de todos e até de si mesmo.

 

Contudo, o maior desafio – e do qual não se pode esquivar – é ser ou se tornar um verdadeiro líder e não um chefe. Enfrentando de forma direta a questão, por chefe tem-se aquele que possui subalternos, os quais acatam suas determinações por dever de ofício; já por líder, tem-se aquele que possui seguidores, os quais cumprem o que lhes é solicitado não apenas por dever, mas em razão de compreender a necessidade e a importância de sua tarefa.

 

Ser chefe é fácil, basta ser nomeado ao cargo de chefia e comandar na medida de sua patente; entretanto, ser líder é ir muito mais além e as dificuldades se apresentam.

 

Um dos primeiros desafios é reconhecer-se líder. Sim, há líderes natos que não percebem seu potencial e habilidade e há líderes lapidados que não reconhecem suas competências. Cabe neste momento uma reflexão: alguém já nasce um líder? Sem olvidar a herança genética, prefiro acreditar que ninguém nasce líder e sim se transforma em um, seja tanto de forma natural e construída quase que involuntariamente por sua vivência cotidiana como de forma não natural, propositada e como resultado de ações articuladas sob este fito. Em suma, penso que ser líder não é um dom e sim exercício.

 

O que precisa, pois, um profissional para ser um bom líder (pois pouco adiantaria ser um líder se não em sua plenitude)? Enumero algumas características que considero imprescindíveis: i) vontade de ser líder; ii) conhecimento técnico e humanístico; iii) autenticidade e iv) capacidade de promover exercício de alteridade.

 

A vontade de ser líder é o primeiro passo, mas deve ser uma vontade ética que impulsione o profissional naturalmente e desde cedo lhe imprima a consciência de que a consecução de seu desejo depende de muitos fatores, dentre os quais cito sua formação prática e acadêmica, a oportunidade e o reconhecimento.

 

O conhecimento técnico e humanístico é imprescindível, pois a posição de liderança exige do profissional condições para capacitar sua equipe em busca do melhor resultado, além de também exigir franca habilidade voltada as relações e inter-relações sociais.

 

Autenticidade! Eis um caractere basilar. O líder há de ser autêntico, pois seus liderados somente terão confiança em sua condução se perceberem verdade e segurança em suas posturas e ações.

 

Por fim – considerando apenas as quatro características referidas – é o condão da alteridade, ou seja, de posicionar-se no lugar daqueles que lidera, percebendo a si próprio de outra perspectiva e buscando conhecer todas as competências dos que integram sua equipe.

 

Mas, estas qualidades são suficientes para fazer de alguém um líder? Creio que não, pois se o ser humano se forma e transforma a todo instante os profissionais também estão sob constante transformação. Ainda, não há pessoa que seja exatamente como outra e em uma equipe de trabalho certamente o líder lidará com seres humanos heterogêneos – o que é muito bom.

 

Neste sentido, importa considerar que o verdadeiro líder deve atentar ao perfil de cada um de seus liderados, extraindo de cada qual as suas melhores competências. Assim, grosso modo, atrevo-me a reduzir a seis as espécies de líder: educador, democrático, liberal, autocrático, popular e ausente.

 

Educador é o que realiza a atividade junto com seu liderado, ensinando-o como a mesma há de ser desenvolvida; democrático é o que ouve o membro de sua equipe e aprende com quem detém maior expertise, assimilando, adotando e repassando os melhores procedimentos; liberal é o que deixa realizar os que já sabem realizar, supervisionando-os de forma mais tênue; o autocrático não houve ninguém, impõe o que tem de ser realizado e a forma de realização de sorte a não admitir “intromissões”; popular é aquele mantém bom relacionamento com todos, é carismático e, portanto, querido; por fim, ausente é o “líder” (as aspas se justificam) que não acompanha seus liderados, deixando-os à deriva. Exceção feita a esta última referência, o líder deve saber ser um pouco de tudo, adaptando-se aos liderados.

 

Concluo, por mais breve que a notícia tenha se dado, muito mais valioso é ser líder e não apenas um chefe, bem como ser um bom líder aquele que conserva a consciência de liderar significa muito mais do que ter o poder de mando, permanecendo sensível à sua equipe e construindo o resultado em conjunto. O chefe participa, o líder permanece!

 

Fernando Borges Vieira é sócio sênior responsável pela área trabalhista do escritório Manhães Moreira Advogados Associados.

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