Autor: Robson Paniago
Tomando por base 50 anos de pesquisa em administração, os líderes eficazes compartilham sete traços comuns: ambição e energia, desejo de liderar, honestidade e integridade, autoconfiança, inteligência e conhecimento relevante ao cargo e personalidade dotada de automonitoração.
Entretanto, nenhum desses traços garante o sucesso do líder. Os dados não indicam com certeza a separação entre causa e efeito. Esses traços funcionam melhor na previsão do surgimento da liderança do que na efetiva distinção entre líderes eficazes e ineficazes.
Embora a crença de que a experiência prepara a pessoa para a liderança seja muito difundida na comunidade dos negócios, a experiência não contribui necessariamente para a eficácia da liderança.
Na verdade, estudos sobre oficiais militares, equipes de pesquisa e desenvolvimento, supervisores de lojas, administradores dos correios e diretores de escolas sugerem que os gerentes experientes não tendem a ser mais eficazes do que os gerentes com pouca experiência.
O que explica essas descobertas é a variabilidade das situações. Embora o comportamento passado possa predizer o comportamento futuro, é crucial levar em conta a relevância da experiência passada para uma situação nova.
Se a experiência de liderança de uma pessoa foi obtida em uma situação semelhante à nova, ela pode ser um bom indicador do futuro desempenho da liderança.
Um grande número de pesquisas converge para duas dimensões: comportamento orientado para tarefa e comportamento orientado para pessoas. Mas existem dados indicando a importância de uma terceira dimensão: o comportamento orientado para o desenvolvimento.
Em uma visão bidimensional do comportamento de liderança, a dimensão tarefa refere-se às seguintes ações: enfatizar a realização das metas do grupo, definir e estruturar atribuições de trabalho dos membros do grupo e enfatizar o cumprimento de prazos finais.
A dimensão pessoa abrange ações como desenvolver boas relações interpessoais, ser amistoso e acessível e estar preocupado com problemas pessoais dos funcionários. Essa visão bidimensional foi popularizada nos anos 1960 pela grade gerencial.
Pesquisas recentes revelaram um terceiro estilo eficaz de liderança: o comportamento orientado para o desenvolvimento é caracterizado por experimentação, criação de novas abordagens para os problemas, incentivo a novas maneiras de fazer as coisas e estímulo à mudança.
Robson Paniago é professor da IBE-FGV.