Males que vem para o bem

Alguns vão se lembrar do ciclone extratropical que atingiu a capital paulista em junho de 2011. Os estragos foram tão grandes que, inclusive, houve um alto número de ocorrências na rede elétrica. Como consequência, a AES Eletropaulo registrou um aumento exponencial de chamadas ocupadas no call center. Tamanho foi o número de ligações que ali a empresa percebeu a necessidade de por em ação seu projeto de URA humanizada. “O Portal de Voz foi criado para entender, atender e antecipar as necessidades dos clientes, utilizando todas as integrações com os sistemas e repositórios de informações da empresa”, conta Rogério Jorge, diretor comercial da AES Eletropaulo.
A implementação começou com entrevistas individuais, análises de relatórios, pesquisas quantitativas e qualitativas, além de análises das percepções de atendentes e gestores. Os clientes também foram ouvidos sobre a experiência na URA e suas expectativas de relacionamento e serviços. “Foi necessária ainda a implementação de uma solução tecnológica para melhorar e ampliar o atendimento eletrônico oferecido aos nossos clientes, transformando-o em um serviço de classe mundial e referencial de excelência”, detalha. O foco foi no aumento da satisfação dos clientes, em evitar filas de espera e as rechamadas, além de reduzir a quantidade de ligações ocupadas.
Ele explica que, com a URA humanizada, é possível identificar o cliente que está em contato com a central e conhecer quais são as suas necessidades. “O objetivo principal é a satisfação do cliente e, consequentemente, a melhoria da imagem da AES Eletropaulo”, comenta Jorge, acrescentando que, do ponto de vista da empresa, a URA humanizada permite que as informações cheguem às diversas áreas para que as ações necessárias sejam realizadas. As informações recebidas no atendimento eletrônico ainda são disponibilizadas aos atendentes para garantir a uniformidade dos dados e também reduzir o TMA das ligações.
Até por isso, o diretor comenta que os sistemas da empresa devem estar sincronizados com a URA, para que, dessa forma, a ferramenta de atendimento possa acessar os diferentes bancos de dados (atualizados on time) para informar o cliente. “Esta integração é total, independente de se tratar de emergência ou comercial.” Outro desafio colocado por Jorge é fazer com que a interação homem-máquina mantenha as mesmas regras da comunicação humana: construir uma conversação que leve a um conhecimento mútuo, com respeito às habilidades e limitações do interlocutor. “Na comunicação, os dois lados são responsáveis pela inteligibilidade e compreensão da mensagem. Quando envolvemos máquinas, elas devem ser inteligentes o suficiente para serem facilitadores do acesso do cliente à empresa”, pontua.

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Males que vem para o bem



Mal acabou a discussão acerca da nova regulamentação do setor de call center para logo surgir outra no lugar. Desta vez a polêmica gira em torno de um novo projeto de lei intitulado “Não perturbe” (semelhante à lei norte-americana do not call) que proíbe, em todo o estado de São Paulo, a abordagem dos serviços de telemarketing a quem não quer ser importunado. Muitas empresas do segmento mostram-se apreensivas quanto a essa possível realidade. Outras, no entanto, como é o caso da Proxis, empresa de contact center, acreditam que a nova proposta contribuirá para melhorar o campo de atuação e trará novas oportunidades.

 

Na avaliação de Jimmy Cygler, diretor da Proxis, esse novo cenário será favorável a todos os envolvidos, seja o consumidor, quanto as empresas que contratam os serviços de telemarketing, e também as próprias prestadoras de serviços de call center. “Com esse cadastro, tanto os call centers, quanto as empresas contratantes deixarão de gastar tempo e dinheiro com quem não quer ser importunado, e passarão a canalizar os esforços para quem está realmente aberto a esse tipo de abordagem”, explica. Para o diretor, o universo de pessoas para quem se pode ligar diminuirá, mas em contrapartida também serão reduzidos os custos com ligações que geralmente resultam em um enorme ‘não’.

 

Com a nova lei, muitas prestadoras começaram a especular sobre uma possível redução nos postos de atendimento do setor, que hoje emprega cerca de 750 mil pessoas e representa a principal porta de entrada de muitos jovens no mercado de trabalho. Segundo Cygler, as empresas terão que se estruturar melhor para que isso não ocorra, “O que pode haver é um pequeno aumento de custos, por conta da estruturação dos bancos de dados das empresas e do remanejamento de pessoas”, justifica o empresário.

 

Além disso, para Cygler, as empresas terão a oportunidade de criar novos canais para entrar em contato, de uma outra maneira, com essas pessoas que não querem ser abordadas ao telefone de forma indiscriminada. “Ninguém consegue ficar isolado de tudo. Além do mais, cada pessoa tem uma preferência de como quer ser abordada. Cabe às grandes empresas descobrir quais são esses meios, o que acirrará ainda mais a competitividade no mercado”, conclui.

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