Autor: Ricardo Piovan
Pesquisas demonstram que a reclamação é um dos principais comportamentos que mais demitem nas organizações brasileiras. Existem algumas pessoas que perante um problema ou uma pressão mais acentuada costumam utilizar a energia da raiva erroneamente, transferindo-a aos músculos da boca e começam a reclamar sem parar, culpando o chefe, o colega, a empresa e até mesmo o cliente (aquela pessoa que paga o salário do reclamador).
Na verdade o “reclamão” é uma pessoa medrosa, isto mesmo, o medo é que se apodera dela, mas como na nossa cultura mostrar medo é demonstrar fraqueza, a pessoa veste a máscara da raiva e inicia o processo de reclamação. Na verdade os “reclamões” têm medo de entrar em ação para resolver o problema, pois não têm competência para isto, ou até mesmo medo de pedir demissão e partir para outra, concorrendo com outros candidatos que com certeza são mais corajosos que ele.
Se você tem estes “reclamões” a sua volta, darei duas sugestões para você ajudá-los a saírem deste estado que só atrapalha a carreira deles e a saúde da empresa:
1- Dê feedback: as pessoas percebem apenas dez por cento daquilo que fazem no dia a dia, noventa por cento do que fazemos está no piloto automático. Dizer em claro e bom tom, demonstrando para a pessoa que enquanto ela reclama muita gente tem sucesso na empresa, você estará mostrando para ela os noventa por cento que ela não vê. Quanto mais pessoas disserem isto para ela, aumentam as chances dela aceitar e iniciar a mudança comportamental.
Mas caso esta opção não adiantar, temos uma segunda sugestão.
2- Afaste esta pessoa, para o bem dela e para o seu próprio bem. Na verdade o “reclamão” precisa de duas coisas: da boca dele e da orelha de alguém. Se você não dá ouvidos a esta pessoa, ela não tem com quem reclamar e aumenta a chance de fazer algo para mudar este processo. Afastar estas pessoas é bom para você também, pois muitas vezes ouvimos estas pessoas e também começamos a reclamar.
Sempre que apresento esta segunda opção nos meus treinamentos de inteligência emocional algumas pessoas pensam: “nossa e se eu durmo com um “reclamão” deste?”. Sim, existem pessoas que acordam todos os dias com os “reclamões” de plantão.
É necessário compreender que quando reclamamos canalizamos nossas energias para o lugar errado, isto é, utilizamos a energia para produzir palavras que não fazem mudanças e sim que trazem mais problemas. No momento em que as coisas não estão indo de acordo com a nossa vontade, é hora de entrar em ação respondendo uma simples pergunta: se eu não tivesse medo, o que eu faria?
A resposta a esta pergunta é o que deveríamos ponderar, analisando os riscos, planejar e realizar, pois pode ser uma das soluções para mudar o que precisa ser mudado.
Ricardo Piovan é palestrante, escritor, consultor organizacional e fundador da Portal Fox