Contratar um profissional que, além de atender aos requisitos de competência inerentes ao cargo a ser preenchido, esteja plenamente motivado para as novas funções é uma das tarefas mais complexas exercídas por quem ocupa cargo de liderença nas organizações. Exemplo é o número de contratações e promoções, que acabam frustrando as expectativas de ambos os lados, comprometendo o desempenho de uma área ou até de toda a empresa. Em muitos casos, isso ocorre porque falta ao líder (por desconhecimento ou excesso de confiança em sua intuição para descobrir talentos), uma ferramenta adequada para avaliar se o profissional preenche devidamente todos os requisitos para ocupar o cargo em questão.
Para superar esse desafio é necessário observar, além da capacidade técnica, a personalidade do profissional (comunicação, estilo de trabalho, estilo de liderança, estresse, leque de recursos, tomada de decisão, atitude frente a vida, atitude frente aos outros). Cada vez mais esses “traços de inclinações” passam a ser mais significativos para reconhecer se um indivíduo está apto a desempenhar bem uma determinada função. Quanto mais alta for a capacidade em identificar essas aptidões, interesses e habilidades dos colaboradores, menor é a probabilidade de erros de contratações e promoções.
Atualmente, isso é possível por meio da aplicação de testes de personalidade. Há muitos deles, baseados em diferentes teorias, mas o mais adequado às necessidades de uma empresa deve ser fácil e rápido, com resultados claros, compreensíveis e claramente discriminados para que estereótipos sejam evitados. Um modelo que vem atraindo a atenção das empresas na Europa e nos Estados Unidos é o método HumanGuide. Baseado nas teorias do psicanalista Leopold Szondi (que afirma que, embora os indivíduos sejam diferentes essencialmente, existem semelhanças que permitem fazer previsões sobre o seu comportamento futuro) o teste visa identificar os fatores que compõem o perfil de inclinação único de cada indivíduo, favorecendo o seu desenvolvimento no contexto profissional.
O método foi concebido para identificar de maneira rápida e simples (via Internet) os fatores pulsionais que determinam as escolhas e o modo particular do indivíduo agir e se comportar no ambiente de trabalho. Isso permite obter uma compreensão da motivação do seu comportamento e assim prever e minimizar possíveis situações de conflito e desconforto. Possibilita, por exemplo, avaliar como a personalidade de cada pessoa afeta a dinâmica do grupo de trabalho no qual está inserido.
Adotar essa nova visão traz benefícios não apenas por aumentar a probabilidade de se colocar o profissional certo na função certa, mas também contribui para o desenvolvimento de equipes, melhoria do desempenho e, conseqüentemente, da boa imagem da organização. A transparência na aplicação e avaliação do teste também beneficia o próprio profissional. Quanto mais consciente de suas necessidades, de seus conflitos, de seus limites e de suas potencialidades, maiores as suas chances de enfrentar os desafios da carreira. Afinal, a produtividade tende sempre a aumentar quando busca atender as motivações inerentes à sua personalidade.
Dieter Kelber é professor, consultor e diretor executivo do Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual – IADI e pesquisador do NAIPPE/USP ([email protected])