Autor: Edilson Menezes
Não é segredo para quem acompanha minha coluna que sou apaixonado por música. A banda Engenheiros do Hawaii gravou a canção-título deste artigo e ontem pela manhã, enquanto pedalava 30 Km pela orla do litoral paulistano, eu refletia sobre a boa analogia que o tema oferece para a nossa vida.
A soma de nossas crenças, em combinação com o ambiente onde vivemos, sob inspiração da influência daqueles a quem admiramos, determina o comportamento que adotamos no dia a dia e este, por sua vez, reflete nos resultados que obtemos diante dos sonhos que alimentamos.
Permita-me resumir, caso tenha gerado alguma dúvida:
crenças + ambiente x influência ÷ comportamento = sonhos alimentados
Aquilo que se crê como verdade tem poder de comando sobre todas as áreas que nos levam a tomar decisões. Podemos classificar nosso sistema de crenças, portanto, como o general. Sua alta patente é respeitada quando precisamos de uma ação que venha a ferir qualquer elemento que acreditamos como verdadeiro ou imutável. Um bom exemplo é a obesidade. Sabemos que os alimentos gordurosos são nocivos, mas não deixamos de consumi-los, uma vez que existem duas crenças: 1) são saborosos; 2) na próxima nova segunda-feira podemos fazer dieta.
O ambiente vem logo em seguida com grande poder, simbolizando uma espécie de coronel a frente dos eventos da vida. Na guerra, por exemplo, quando dois exércitos rivais se encontram em terreno pantanoso, a batalha travada será letal para o exército originário de uma metrópole, composto por soldados que tiveram pouco contato com regiões alagadiças. Quanto aos batalhadores que vivem e treinam arduamente numa região de terrenos enlameados, serão imbatíveis. Traduzindo para a vida civil, um profissional que nunca viu alguém prosperar em sua família terá, de forma consciente ou não, alguma hesitação para vencer.
O capitão é uma boa figura da hierarquia militar para ilustrar a influência. Líderes, pais, governantes, professores, mídia e todos que formam opinião fazem parte do pacote que decidimos seguir desde muito cedo. Mas, como a vida nem sempre é fácil, nos orientamos também pela influência negativa. O racismo, por exemplo, não está impresso no caráter. Não nascemos racistas. Ao contrário, a discriminação é implantada pela cultura influenciadora da família. Idem para o crime. Ninguém nasce bandido, mas pode tornar-se ao ver as pessoas que mais admira (seu capitão) cometendo delitos.
Nosso comportamento é o próximo da cadeia de prioridade militar, o 1º tenente. Ora, não é simples para a alta cúpula militar formar generais, oficiais superiores e intermediários. Por outro lado, é bem menos descomplicado formar soldados para que se tornem oficiais subalternos, como é o caso do 1º tenente. A analogia reside neste ponto. Substituir um comportamento é fácil e indolor, mas trocar algo poderoso em nossa hierarquia requer desapego, flexibilidade, e nem sempre estamos dispostos a investir nestas características.
Por último e mais importante, vem o resultado desta equação: os sonhos que alimentamos. Nem sempre os profundos anseios da alma estarão sob a proteção da nossa mais alta cadeia de valores. Todo sonho tem seu preço e peso. E convenhamos, no front de batalha, quem carrega o peso é o soldado. Quem paga o preço maior da batalha é o soldado. Logo, não é razoável supor, filosoficamente, que nosso marechal, de belíssima indumentária, carregará caros e pesados sonhos. Este marechal está ocupado demais lidando com outros importantes valores nossos, como a espiritualidade e a identidade. Os sonhos ficam em poder dos soldados, o que nos deixa uma opção:
Equipar os soldados dos sonhos. Cada músculo do corpo é um soldado em potencial. Cada respiração representa a certeza de que os pulmões e o coração seguem trabalhando com firmeza para dar forças aos soldados. A cada passo dado, as pernas podem nos levar ao encontro dos sonhos ou talvez permaneçam toda a vida dando passos em direção a lugar algum e neste caso, o batalhão de soldados dos sonhos estará sem rumo.
Eu nunca tive notícias de um exército desorientado que ganhou qualquer batalha, pequena ou grande e a luta pela vida pode ter muitos adjetivos, mas “pequena” não é um deles.
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes é treinador comportamental e consultor literário. Atua nas áreas de vendas, motivação, liderança e coesão de equipes. ([email protected])