O poder do esquecimento e do treinamento

Autor: Luiz Alexandre Castanha
Você já ouviu falar sobre a ciência do esquecimento? Talvez não, mas com certeza já percebeu como algumas informações que recebemos são esquecidas ou, até mesmo, tiradas da nossa mente em um curto período de tempo. Existem explicações científicas que nos ajudam a entender essa dinâmica do processamento de memórias e do esquecimento. Mas fato é que esquecer é algo muito natural para o nosso cérebro.
A verdade é que nós guardamos uma série de lembranças, acumuladas com as experiências da vida que vão desde as mais profundas, como memórias antigas, até as mais triviais, como um endereço que acabaram de nos passar. De acordo com a psicologia cognitiva, existem dois sistemas de memória primária na mente humana: a memória de curto prazo, que guarda informações temporariamente apenas sobre algumas coisas em que estamos pensando no momento, e a memória de longa duração capaz de armazenar grande quantidade de informações sobre experiências adquiridas durante toda a vida.
De acordo com a Ciência do Aprendizado e do Esquecimento, desenvolvida pelo professor de neurociência cognitiva, Art Kohn, 70% de tudo o que aprendemos em um dia de treinamento, por exemplo, é esquecido em 24 horas. Após uma semana, essa porcentagem aumenta ainda mais: 90% é esquecido. Diante dessas informações, entendemos que a maneira como recebemos a informação e, ainda mais importante, o que fazemos com ela depois de receber é o que determina o que será ou não apagado da nossa mente.
O que não podemos deixar de entender é que, de fato, faz parte de uma memória saudável. O esquecimento é um mecanismo de limpeza que ajuda a otimizar o trabalho do cérebro. Se tudo ficasse para sempre na nossa mente, seríamos incapazes de focar em qualquer coisa. O esquecimento é, nada mais nada menos, que um trunfo da evolução do ser humano. Porém, esquecer demais é desagradável e pode se tornar um grande problema. Por isso, exercitar a memória se tornou tão importante, principalmente nos dias de hoje, onde recebemos e convivemos com um volume tão grande de informações.
A teoria da multimemória explica que possuímos diferentes tipos de memória, que são diferentes em termos de duração e capacidade de armazenamento. O primeiro tipo é a memória sensorial, que funciona como uma ponte entre nós e a realidade. Ela é uma pequena região onde nossos sentidos mantêm um grande volume de informações, antes de filtrá-las para a região de nossa atenção consciente. Já a memória de curto prazo está diretamente relacionada com nossa consciência sobre as coisas e com o nosso foco de atenção.
Uma memória saudável exige prática e atenção. Não devemos exercitar apenas o nosso corpo, o cérebro também precisa ser treinado para funcionar bem e existem técnicas que ajudam a não esquecer e a manter vivo o que se aprendeu. Storytelling, jogos, exercícios, SMS, lembretes, leitura, entre outros. Além disso, a tecnologia já apresenta novidades: existem diversos tipos de aplicativos móveis, que você acessa do próprio smartphone e tem acesso a desafios, exercícios, games e tarefas, que ajudam a exercitar a mente e as funções cognitivas.
Não existe mais desculpa para não colocar o cérebro para funcionar. Até porque, diante da teoria do esquecimento, entendemos que é necessário exercitar sempre a memória, para conseguir realmente assimilar as diversas informações que precisamos. O processo de pós-aprendizado se torna ainda mais importante e fundamental para evitar o esquecimento. A pessoa que possui conhecimento e domínio das técnicas e exercícios para estimular a memória, ganha agilidade no desenvolvimento de tarefas, maior absorção das informações do dia a dia e tem um maior desenvolvimento do raciocínio lógico.
Luiz Alexandre Castanha é administrador de empresas com especialização em gestão de conhecimento e storytelling aplicado a educação, atua em cargos executivos na área de educação há mais de 10 anos.

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